segunda-feira, 5 de novembro de 2012

50 anos a Mil - Lobão

Eu sabia que a vida do Lobão seria muito louca, por isso resolvi ler sua biografia, mas não sabia que o cara era tão autodestrutivo assim. No final cheguei à conclusão de que ele era o cara errado na hora certa e na situação certa. A sorte sempre sorriu pra ele e ele sempre mandou ela tomar no cu.

Sua vida musical começou quando entrou na banda de rock progressivo Vímana tocando bateria junto com Lulu Santos e Ritchie. Nomes que fariam bem mais sucesso solo anos depois. Patrick Moraz, tecladista do Yes e demitido da banda vem para o Brasil e decide convidar o Vímana para formar o Yes brasileiro. O Vímana era uma banda iniciante e independente atrás de uma gravadora e tinha recebido uma proposta para assinar um contrato com uma e gravar discos, mas com o convite do Moraz eles resolvem desistir do Vímana. Esta foi a primeira vez de muitas que o Lobão tomou más decisões na vida. Moraz trouxe um músico com ele e demitiu Lulu Santos e foi o fim definitivo da banda. O álbum nunca saiu.

Depois de recusar um ótimo contrato, o que era imprescindível para uma banda existir naquela época pré internet, a vida novamente lhe dá uma grande chance. Ele se junta com Evandro Mesquita e a Fernanda Abreu funda a banda Blitz, grava o primeiro disco e por motivos que são explicados no livro pede demissão e sai antes do grande sucesso que eles atingirão. Em seguida lança seu primeiro disco solo, o Cena de Cinema. Mas numa tarde em que tem divergências com os produtores da gravadora, ele resolve destruir a sala de um dos diretores. Como retaliação a gravadora retira todos os discos das prateleiras e coloca-o na geladeira. Mais uma vez ele da um chute na bunda da vida.

Por causa de diversos problemas pessoais ele tentou se matar pelo menos umas duas vezes, que eu me lembre agora depois de ler o livro. E este comportamento herdou de seus pais, pois tanto sua mãe como seu pai também se mataram em épocas e motivos diferentes. Sua mãe tem uma história muito louca, era bipolar e também tentava se matar de vez em quando. Tem uma história de um quase incesto entre eles que é apavorante. Lobão conta detalhes da sua vida que ninguém gostaria de escrever, são certos detalhes da sua infância que uma pessoa normal preferiria não relatar no livro e ocultar, mas ele conta, como por exemplo, uma briga que teve com seu pai onde chega a espancá-lo com sua guitarra na época.

Ele sempre teve uma personalidade explosiva, mas ao mesmo tempo é carismático fazendo alguns adorá-lo e outros odiá-lo. E ele alimentava esses sentimentos. Tanto é que foi condenado a 1 ano de prisão e passa alguns meses no xilindró, quando grava um dos álbuns de maior sucesso “Vida Bandida”.

O livro tem tantos detalhes e acontece tanta coisa importante para o rock nacional e para a própria indústria fonográfica que não dá pra contar tudo em um texto. Ele conta sobre a grande amizade que teve com Cazuza, coisa que foi excluída do filme, conta do plágio que vive tendo do Herbert Viana e também da guerra que travou (e ganhou) contra as gravadoras pela numeração dos CDs vendidos. Além disso, relata como foram os bastidores das gravações de 19 discos e o lançamento de uma revista para revelar 25 bandas iniciantes que fizeram sucesso depois. Ele sempre foi um cara ativo e que já deixou sua marca na música brasileira. Impossível deixar de falar sobre o que Lobão deixa de legado. Depois de ler o livro vou procurar ouvir cada cd que lançou e compará-lo com a época em que foi realizado, pois a cada cd ele estava passando por momentos muito conturbados em sua vida que refletiam em sua obra. Para ouvir bem um cd tem que ler o que se passava na época para ter um entendimento melhor da obra do artista. Se você quer ler uma biografia, este é o livro a ser lido.

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