sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

4º Iron Maiden Run – Run to the Hills

De volta às ruas pra correr ouvindo o bom e velho Iron Maiden. Hoje, The Number of the Beast, um álbum de 1982 que fez história e é considerado o melhor de todos por muita gente, inclusive eu. As músicas sofreram grandes mudanças em relação ao tempo de Di’anno, uma evolução para se encaixar na voz do novo vocalista Bruce Dickinson, coisa que veríamos novamente do Blaze Bayley. Mas isto é uma história para outro dia.

A preguiça era imensa e eu já tinha protelado muito tempo. Por causa disto, resolvi enfrentar logo e correr, colocando meus planos em ação. O sol estava rachando, neste verão infernal, já era 10 a.m., mas ou eu corria esta hora ou não corria mais. Melhor tarde que nunca.

O disco The Number of The Beast deve ser o que eu mais ouvi na vida, fazendo com que eu saiba letras das músicas do álbum de cor. O problema é cantar correndo, coisa que ainda não tenho fôlego pra fazer. Depois da experiência de uma corrida de rua com um álbum tão conhecido por mim, cheguei à conclusão que para estes tipos de discos devemos colocar no modo ramdom para embaralhar a seleção das músicas. Dá um pouco de surpresa de qual vem em seguida e muda um o cenário. Mas mesmo assim é uma excelente seleção para corridas. O único problema é que ele é extremamente curto, apenas 40 minutos. Se você pretende ouvi-lo durante uma corrida de 10 km, ou aceite o fato que ouvirá as músicas pelo menos duas vezes ou inclua novas faixas para completar o percurso. Como a minha proposta é um álbum por corrida, aceitei o fato de ouvi-lo duas vezes.

O disco começa com uma porrada, Invaders, que fala sobre uma batalha entre Vikings e Saxões, na qual os Vikings saíram vitoriosos. As letras sobre guerra se tornarão muito comuns na carreira da banda. Essa é pra acordar mesmo e dar um ânimo no início da corrida.

Logo depois vem Children of the Dammed, uma balada excelente que não nos faz perder o ritmo. Outro fato que se tornará recorrente é a inspiração de filme e livros nas letras da banda. Esta se inspirou num filme de 1960 onde crianças detém poderes paranormais. Não vi este, mas assisti o remake do John Carpenter de 1995 que é excelente. Mais uma música baseada em filme é The Number of the Beast, inspirada em A Profecia, que eu vi quando criança e quase me caguei de medo. Não sei se produz o mesmo efeito hoje, mas é um clássico assim com a música.

A minha degustação das músicas era eventualmente atrapalhada por causa das inúmeras pessoas que lotaram a pista de caminhada e andavam sempre em dupla ou trio, impedindo minha passagem. Eu tinha que pular várias vezes pro meio da rua pra ultrapassá-las, pois não se tocavam que tinha gente mais rápida que eles. Até entendo, mas não aceito. Fui criado com um mínimo de respeito pelo espaço dos outros e gostaria de receber o mesmo tratamento, mas infelizmente isto não é possível. Teve um cara que atravessou a rua e entrou bem na minha frente vendo que eu estava correndo, me fazendo frear e interromper meu percurso, então e voltei a correr. Logo à frente vejo ele correndo mais rápido que eu e me ultrapassando, até ai tudo bem, que ele vá na paz. Mas depois de me passar uns três metros ele começa a correr mais devagar bem no meio do caminho, me atrapalhando de novo. Parece perseguição. Lá vai eu pro meio da rua de novo.

As letras das músicas é um ponto forte do Iron Maiden e as minhas duas preferidas do disco dão as seguintes: The Prisioner apesar de falar sobre uma série de televisão de mesmo nome me lembrou bastante do filme Thx 1138 pelo fato dos prisioneiros receberem números no lugar dos nomes. 22 Accadia Avenue fala sobre a ida dos caras da banda num puteiro, exatamente na Avenida Accania número 22. O legal é que a letra debate a situação da prostituta Charlotte, não condenando nem elogiando.

Run to the Hills é a música chave pra corrida por falar em… correr, claro. Além da música ser boa, a letra é interessantíssima que fala sobre a invasão da Grã-Bretanha na América e do massacre que eles fizeram em relação aos índios. A primeira estrofe da letra é focada no ponto de vista dos índios, enquanto o resto é sob o ponto de vista dos ingleses. Enquanto o seu início é de desespero e tristeza por ver suas terras invadidas e seus familiares mortos, o final é glorioso, com grandes soldados trazendo o progresso para terras sem lei.

Todo álbum do Iron Maiden tem uma música menos legal, nenhum é perfeito, nem este. Eu odiava a música Gangland antigamente e sempre pulava sua audição. Mas com o tempo fui percebendo que ela é boa, apenas a introdução na bateria que é fraca. Mesmo assim ainda permanece como a pior do disco. E o final vem Hallowed be thy name, considerada por muitos a melhor música da banda. Não sei se é a melhor, coisa muito difícil de dizer para um fã, mas com certeza é uma das melhores.

Apesar de ser o melhor álbum do Iron Maiden, não achei muito bom pra uma corrida, principalmente pelo tempo curto das faixas e porque eu já tinha ouvido demais as músicas. Acho que elas se dariam melhor numa coletânea e não apenas o álbum. Enfim, é minha opinião.

Percurso City América - http://t.co/5ZKVwKwKIM

- Quilometragem: 11,55 km
- Tempo: 1:06:36
- Ritmo médio: 5:46
- Calorias gastas: 985

- Quilometragem total: 41,55 km
- Tempo total: 4:06:28
- Ritmo médio total : 5:54
- Calorias gastas total: 3.459

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

3º Iron Maiden Run – Paul Di’Anno Days

A Terceira corrida que fiz em homenagem ao Iron Maiden foi na esteira mesmo. No dia anterior havia chovido muito em São Paulo, como quase toda tarde de janeiro, e fiquei com medo de chover durante minha corrida e danificar meu celular. Então fui na segurança do ambiente fechado e testar um aplicativo novo. Depois dos dois primeiros álbuns, esta corrida foi pra fazer um fechamento da primeira fase do Iron Maiden com os vocais do Paul Di’Anno e fazer um setlist de melhores músicas desta época para uma corrida de rua. Foi algo muito difícil de se fazer já que praticamente todas as músicas são boas.

Ouvi falar que o Keep Run era o melhor aplicativo para registro de corridas indoor, na esteira. Fiquei curioso de como isto aconteceria. Um aplicativo, através do GPS, marca distância e tempo de duração, fazendo todos seus cálculos baseados nestes dados. Como que ele marcaria isto parado numa esteira. Imaginei que ele utilizaria o pelo de estar subindo e descendo como parâmetro de passadas e ai sim calcular a distância. Tive uma decepção imensa. Iniciei a corrida normalmente como faço outdoor e depois de 10 minutos correndo recebo a mensagem que fiz zero metros de distância. Ou o aparelho não funciona ou eu não soube configurar direito. Desliguei imediatamente pra não ficar recebendo essa mensagem desanimadora toda hora e me concentrei na corrida que estava fazendo. Pelo menos o painel da esteira traria alguns dados a serem registrados.

Na rua consigo atingir a meta de 10km entre 55 minutos e uma hora. Mas na esteira nunca consegui atingir esta marca. Como um ambiente fechado é mais fácil, colocava uma inclinação de nível 5 para causar uma resistência grande e por causa disto nunca passei de 8,5km percorridos mesmo período de uma hora. Desta vez, como teste, diminui a inclinação para nível 2 para ver se conseguiria a mesma distância da rua. No final só atingi 9,27km, então acho que a diferença de esteira pra rua não é tão grande assim quanto eu imaginava. Na próxima vez vou correr sem inclinação nenhuma.

Para a trilha sonora, coloquei todas as músicas dos dois primeiros álbuns mais bonus track em modo shuffle/ramdom para escolher a ordem aleaória. A primeira foi Burning Ambition que me trouxe uma nostalgia danada da época do colegial, quando eu comprei este cd e ouvia diariamente. Foi o relançamento de toda a discografia do Iron até então e eu comprei alguns nesta leva. Nesta lista, cheguei à conclusão de que Prodigal Son deve ser exterminada da face da terra, caiu duas vezes no ramdom. Descobri que os dois discos somados dão pouco mais de uma hora de música, muito pouco, quase não precisei escolher as músicas. Antigamente os álbuns eram limitados pelo tamanho do vinil que comportava meros quarenta minutos, então foi preciso cortar só três músicas para dar uma hora, as três mais lentas.

No final terminei sentindo prazer, um calor no corpo e sensação boa de dever cumprido. Deve ser isto a tal da endorfina. Não estava cansado nem com dor. Parece que o corpo estava em perfeito estado e pronto pra mais 10 km. Além da sensação no corpo físico tinha a satisfação de ter vencido o fantasma da preguiça e de ter posto o corpo em movimento. Nada melhor do que terminar, olhar pra traz e perceber que acabou de correr esta grande distancia. O dia está feito.

Set list recomendado para uma corrida de uma hora com o tema Paul Di’Anno Days, na ordem:
1."The Ides of March"
2."Wrathchild"
3."Prowler"
4."Running Free"
5."Murders in the Rue Morgue"
6."Charlotte the Harlot"
7."Iron Maiden"
8."Transylvania"
9." Burning Ambition"
10."Another Life"
11."Genghis Khan"
12."Innocent Exile"
13."Killers"
14."Purgatory"
15."Twilight Zone"
16."Phantom of the Opera"

- Quilometragem: 10,5 km
- Tempo: 1:05:59
- Ritmo médio: 6:17
- Calorias gastas: 836

- Quilometragem total: 30 km
- Tempo total: 2:59:52
- Ritmo médio total : 6:02
- Calorias gastas total: 2.474

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Troféu Cidade de São Paulo – 25/01/2014

A primeira prova oficiosa do ano que participo, ou seja, de pipoca, na faixa, de graça, de intruso. Com o aumento indiscriminado e absurdo das inscrições para provas de corrida de rua espalhadas pelo país, não dá pra participar de todas, então tive que priorizar e selecionar as que serão pagas ou não. Selecionei 10 provas no ano que terão o prazer de terem meu rico dinheirinho, já outras como esta não.

O horário marcado foi as 7h30, considerado cedo pra alguém que mora longe do Ibirapuera, mas perfeito pra uma corrida durante o verão, evitando o sol forte e o desgaste do atleta. Logo na saída de casa, as 5h30 ainda escuro, um carro em alta velocidade passa rente à calçada na qual estava caminhando em direção à estação de trem a poucos metros de casa. Sinistro, poderia ter acabado com meu dia ali mesmo, ou minha vida. O que mais encontro, nesses momentos em que acordo quase de madrugada para participar das corridas é de gente voltando de baladas todos bêbados, fedendo a cigarro e com cara de acabados sonolentos.

O transporte, imaginei, poderia estar comprometido já que era sábado e feriado, mas foi perfeito. Para chegar ao parque do Ibirapuera, sem acesso fácil do metro, desci na estação Brigadeiro e fui caminhando até lá, o que dá 2,5km. Meu irmão comentou que nem precisava participar da prova, bastava ir da estação até o parque e voltar que já dava um bom exercício. De fato.

Tinha muita gente participando, era um mar de pessoas. Resolvemos ficar um pouco distantes da largada, nem dava para enxergá-la direito. Passou o horário de largar e nada, ainda estava tudo parado. Deu 7h40 e nada. Já estávamos reclamando do atraso da organização quando as pessoas começaram a ir para frente. Em ouvimos o tiro de largada. Claro que nesta muvuca inicial ninguém corria apenas caminhava, mas sabíamos que depois da largada dava pra arriscar um trote. Ao passarmos pela linha de largada constatamos que o relógio já marcava 13 minutos! Então a organização foi pontual, nós é que estávamos muito longe. E olha que não éramos os últimos, tinha muito mais gente atrás para começar.

Os primeiros dois ou três quilômetros quase não deram pra encaixar um ritmo de corrida decente devido à grande quantidade de gente. Ou era um pequeno cooper ou tínhamos que caminhar por uma parte por causa da parede de pessoas á nossa frente. Em alguns momentos tínhamos que recorrer às calçadas para ultrapassagens, mas mesmo assim tinha calçada lotada impedindo a progressão. Neste cenário nem dava pra levar a cronometragem em consideração e qualquer tempo registrado nestas condições estava comprometido.

Como participei da prova do ano passado, já tinha noção de onde estariam os postos de água, mas não precisei dele até completar uns 7 km percorridos. Ficar parando toda hora pra beber água é besteira, exceto se estiver com muita sede é claro. Para minha satisfação consegui manter um ritmo bom de corrida na segunda metade da prova, onde geralmente reduzo a velocidade e caminho em vários momentos. Desta vez corri quase todo o percurso sem precisar descansar. As subidas que o percurso tem não são muito íngremes, permitindo que corressem sem precisar parar a toda hora.

Achei a cor da camiseta, laranja, bem feia. A medalha é igual à do ano passado, só que ao invés de vermelho e preto era verde. No final a Sabesp, que deve ter patrocinado o evento, montou várias barracas em que distribuía água ao corredor, ma foi péssimo. A idéia é que tinha uma torneira e os funcionários encheriam copos para distribuir aos corredores. Mas era um copinho minúsculo de uns 200 ml e levava uma eternidade pra encher. O pessoal que chegava cansado estava desesperado pra beber algo e tinha que ficar na fila desta terrível barraca. Fora que formou uma lama no local com esta torneira vazando. Logo à frente tinham barracas com água em copos fechados prontos para distribuição, bem melhores apesar de quente. Mas como eu não tava pagando, nem reclamei, claro.

Foi uma boa prova. A volta à estação foi difícil, com 2,5km subindo. Se juntar tudo deu 15 km. Meu pedômetro registrou 22.360 passos. Não deu tempo de preparar uma boa trilha sonora para a corrida, então improvisei e coloquei o album Heartwork do Carcass pra tocar. Segue:

- Nike running: http://t.co/8Pg2ttnrn3
- Quilometragem: 10,4 km
- Tempo: 1:04:47
- Ritmo médio: 6:13
- Calorias gastas: 874

sábado, 25 de janeiro de 2014

Pedro e o Capitão

É fascinante a relação que existe no cárcere entre o captor e o prisioneiro ou entre o sequestrador e o sequestrado. É claro que não desejamos estar na posição de nenhum deles, mas esta situação permite boas histórias em qualquer mídia, tanto no livro, quanto no cinema ou no teatro. São obviamente inimigos, pessoas em situações antagônicas onde um exerce a violência sobre o outro, mas são obrigados a conviver e chegar a uma aceitação pacífica enquanto dura o martírio.

No CCBB está em cartaz a peça Pedro e o Capitão, onde mostra a relação entre a polícia da ditadura uruguaia e um preso político. Mário Benedetti escreveu sobre a situação de seu país, mas que pode ser adaptada para qualquer outra ditadura sul-americana, quiçá do mundo.

Logo no início da peça, os dois se encontram na sala de interrogatório onde o prisioneiro está numa situação frágil e o torturador, elegante num terno caro e com uma postura esbelta, está numa posição elevada e com autoconfiança. Existem duas salas, uma onde o preso é torturado fisicamente, escondida do público. E outra seria a tortura psicológica em que o capitão tentará persuadir e destruir as convicções do prisioneiro para extrair tudo o que sabe. Para exercer uma função dessas o interrogador tem que ter muita convicção de sua posição de polícia em relação ao “terrorista” revolucionário. Ele acaba exercendo o papel do “tira bom” em relação ao “tira ruim” torturador físico. Depois que eles espancam o pobre coitado, ele chega destruído para levar mais uma conversa do pretenso cara bom que só quer ajudá-lo a sair desta situação, em troca da revelação de simples nomes do movimento.

No início, pensei que o capitão seria uma figura similar ao do Christoph Waltz em Bastardos Inglórios, um cara controlado e inteligente que apenas com sua argumentação consegue fritar o cérebro da vítima. Mas nesta história não é isto que acontece. O torturador, no final das contas, também é um ser humano que está fazendo um serviço público pago pelo estado e também tem problemas pessoais. O torturador se mostra bastante humano apesar de tudo e o mundo que se encarregou de colocar os dois naquela situação particular em posições antagônicas.

É difícil para nós entendermos como uma pessoa de bem consegue exercer um serviço desses, mas muita gente passou por esta situação. No filme O Leitor, a Kate Winslet faz um excelente papel de uma mulher que no passado, durante a segunda guerra mundial, foi uma oficial nazista que aplicou tudo o que o governo demandava com exemplar eficiência, praxe alemã. Depois teve que se esconder da opinião pública. Tanto Winslet no filme quanto o capitão na peça estavam seguros de estar fazendo seu trabalho exemplarmente. Se está certo ou não é uma questão secundária. Eles não entendem que depois de certo tempo todos vão caçá-los, se acham injustiçados, pois só fizeram o que foram obrigados a fazer. Se não fizessem, não tinham emprego e dinheiro para alimentar suas famílias.

É uma questão ética e de moral. Uma pessoa estaria disposta a fazer um serviço tão cruel e imoral em troca da estabilidade de sua família ou por uma causa? No livro da Íngrid Betancourt, Não há silencio que não termine, fala da mesma coisa em relação às FARC. Eles realmente acreditavam que manter pessoas em cativeiro faria diferença em relação às suas causas. Os fins justificariam os meios.

CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - SP
Quarta a Sexta, 20h;
Em cartaz: De 10/01/2014 até 19/01/2014 R$ 10,00

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

2º Iron Maiden Run – Scream for Mercy

Hoje acordei atrasado, preguiça de levantar imediatamente quando o despertador tocou, resolvi dormir mais cinco minutos o que se transformou em meia hora. Então minha ida à academia foi comprometida. Como estava no pique de não me acomodar e continuar com os exercícios de início do ano, resolvi dar prosseguimento ao meu projeto 2014 de corridas com a trilha sonora do Iron Maiden. Desta vez aumentando a distancia para alcançar minha meta principal de 10km. Não tinha planejado realizar outra corrida logo no dia seguinte, mas a situação faz a oportunidade e logo no começo da corrida senti um pouco de cansaço nos músculos da coxa. Depois de um tempo fui me acostumando.

Nesta segunda corrida peguei o álbum Killers, de 1981. Disco melhor produzido do que o primeiro e mais completo. Deve ser o álbum mais rock’n’roll do Maiden e eu me arrisco a dizer que é um hard rock mais rapidinho. O guitarrista Dennis Stratton foi demitido e contrataram o Adrian Smith para fazer as guitarras solos. Stratton tinha quase o dobro dos outros “moleques” da banda e não se encaixava no estilo deles. Este álbum também ficou conhecido por ter sido o último do vocalista Paul Di’anno, que foi demitido por abusar muito do álcool e das drogas, pondo as apresentações em risco.

O álbum começa com Ides of March, bem rapidinha mas boa para início dos negócios. Neste momento quando comecei o trote, vi meu vizinho no caminho me cumprimentando e também correndo, mas para pegar o ônibus que estava passando. De certa forma tenho sorte de entrar no trabalho um pouco mais tarde aproveitando o fato de eu ter mais disposição para exercícios de manhã.

O Killers é excelente para uma corrida, igual ao antecessor. Quase todas as músicas são ótimas e nem precisamos escolher as melhores, elas se completam. A exceção é “Prodigal Son”, que deve ser a pior composição do Steve Harris em toda a história. É uma música horrorosa! Tirando ela o álbum é perfeito, mas pequeno, apenas 41 minutos no total. Pretendo fazer uma seleção das melhores músicas do Iron na era Paul Di’anno para uma corrida de uma hora, perfeita para os 10km.

Onde eu corro, próximo do Parque São Domingos e do Parque de Toronto, no City América, construíram uma pista de caminhada de aproximadamente 3 quilômetros de comprimento atendendo uma reivindicação antiga dos moradores da região que necessitavam de um lugar para praticar seus exercícios. Mas a largura da pista é de apenas dois metros, cabendo duas pessoas lado a lado. Como a demanda era reprimida, a quantidade de pessoas é muito grande atrapalhando aqueles que querem passar, principalmente os corredores como eu que são obrigados a ir para a rua na hora da ultrapassagem. Percebi que a maioria que comparece ao local são idosos e gordinhos. Aparentemente o ser humano só se preocupa com sua capacidade física quando começam os problemas da idade ou obesidade, uma pena.

A melhor música do disco para uma corrida é, sem dúvida, “Purgatory”. Começou a tocar no final e me deu um gás mesmo cansado. As outras que merecem citar são: Killers, Twilight Zone, Women in Uniform, Another Life, Innocent Exile e Genghis Khan (outra excelente música instrumental). A Murders in the rue Morgue é baseada em um conto de Edgard Allan Poe que conta a história de um cara que encontra uma mulher morta na rua e é confundido com o assassino, sendo perseguido pela população local.

- Quilometragem: 10,4 km
- Tempo: 1:04:07
- Ritmo médio: 6:07
- Calorias gastas: 873

- Quilometragem total: 19,5 km
- Tempo total: 1:53:53
- Ritmo médio total : 5:47
- Calorias gastas total: 1.638

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

1º Iron Maiden Run - Running Free

Resolvi utilizar as corridas de 2014 para rever meus álbuns antigos que há tempos não ouvia. Percebi que escutar podcast durante a corrida não funciona. Numa caminhada tudo bem, mas o esforço desprendido e a concentração das passadas fazem a gente se perder na conversa. Música é muito melhor. No final de 2013 eu fiz testes com uma seleção particular de Black Sabbath e foram 100% aprovado por mim. Uni duas coisas que me interessava: a primeira é criar seleções de músicas para as futuras corridas e ao mesmo tempo ouvir álbuns antigos de bandas que curto.

Para iniciar esta série escolhi o Iron Maiden, com seu álbum de estréia auto intitulado. Os primórdios do Iron são bastante influenciados pelo movimento punk dos anos 70 e pelo heavy metal. Ele incorpora as duas vertentes produzindo um novo estilo de metal mais rápido sendo protagonista de um movimento britânico chamado NWBOHM (New Wave British of Heavy Metal). Ao iniciar acorrida, logo na primeira música, a gente percebe que são excelentes para uma corrida por serem mais rápidas e diretas, diferente do estilo Iron contemporâneo que vai desenvolver.

Prowler tem um riff ótimo pra dar aquele impulso e animo nos primeiros metros, enchendo o coração de animo e alegria em estar vivo e com saúde. Nada melhor para uma primeira música. Seguem em mesma sintonia a Iron Maiden, com um compasso e batida para acompanhar as passadas do corredor. Running Free foi feita pra este esporte, não penas pelo estilo da melodia como pela letra, deve estar no playlist de todo corredor.

Acho que dois quilômetros depois de partir encontro uma senhora parada na calçada. Eu reduzo um pouco, quase parando, para ultrapassá-la com cuidado quando ela levanta a mão me chamando a atenção e falando comigo. Ao parar e tirar os fones de ouvido, ela me pede para ajudá-la a atravessar a rua. Fiquei comovido e solidário neste momento. Dei a mão para ela e acompanhei sua travessia. Interrompi o treino, mas por um bom motivo. Sempre nesses momentos me dá uma tristeza e me deixa melancólico por um bom tempo, pois ela é uma senhora idosa e frágil que precisa de cuidados e ajuda de outros e sei que a minha hora chegará um dia que eu queira quer não. A velhice é inexorável e nosso corpo começa a se deteriorar até morrer se nada acontecer antes. A vida é triste e temos que aproveitar enquanto temos saúde, tudo tende a piorar. Enfim.

Logo em seguida tocou Transilvânia, que para minha surpresa se tornou a melhor música do dia. Ela é somente instrumental, mas além de um ritmo bom para correr ela tem bastante técnica na sua composição. Nem lembrava direito dela e com certeza entrará numa futura coletânea de corridas. Sanctuary e Charlotte the Harlot continuam com o mesmo ritmo e própria para esta corrida.

Músicas lentas, em tese, são ruins para correr. Não é regra, pois já corri Black Sabbath lento, blues e até new age e não foram ruins. Depende muito da música. A Strange World é lenta, mas num sentido ruim, não se encaixou na minha corrida e eu aconselho a eliminá-la da sua lista. Já outra do mesmo álbum que é um pouco lenta e um pouco rápida é a excelente Remember Tomorrow que não tem o mesmo problema. Apesar de suas partes lentas, não deixa o ritmo cair acho que devido à melodia tatuar no seu cérebro e não sair mais.

É um álbum pequeno, como a maioria dos discos de antigamente que eram limitados ao tamanho do vinil. Então aconselho que calculem a duração do percurso que pretendem percorrer com a duração da soma das músicas da sua lista para não terem que ouvia as mesmas músicas duas vezes. Se bem que, por outro lado, é bom para uma audição mais completa.

Como ainda estou testando novos lugares para praticar a atividade, não sei quantos quilômetros estou marcando, mas com o tempo vou melhorando os percursos. A idéia é correr pelo menos 10 km, nesta errei por um, mas chegarei lá.

- Quilometragem: 9,1 km
- Tempo: 49:46
- Ritmo médio: 5:27
- Calorias gastas: 765

domingo, 19 de janeiro de 2014

Tanta Água

Filme uruguaio que assisti esses dias sem compromisso, sem programação, mas que foi uma grata surpresa. As melhores coisas parecem ser aquelas que não planejamos e nos surpreendem. Existe até uma teoria de que a felicidade está atrelada à sua expectativa do fato, ou seja, se você espera demais daquilo e o resultado não atinge seus patamares mínimos, cria-se uma decepção. O inverso é o mesmo, quando não esperamos nada e recebemos algo além do que pensávamos que aquilo poderia nos render, há a felicidade. Então é sempre bom nunca criar expectativa de nada, sempre será feliz com o que receber.

No filme, um pai separado planeja uma viagem com seus filhos nas férias. Aquela situação onde os filhos vivem com a mãe e passam alguns dias com o pai, que tenta agradar ao máximo. Na primeira parte das férias, tudo dá errado. Ele leva as crianças para lugares turísticos famosos, mas que não dá pra aproveitar por causa da chuva forte. Então ele leva para outros lugares menos famosos, só que cai em passeios chatos. Só na terceira e última tentativa ele consegue achar um lugar minimamente decente, uma cidade em um condomínio com piscinas com águas termais. Quando criança eu também já fui nas minhas férias pra um lugar parecido, em Serra Negra. Assim como eles, aproveitei muito o lugar, explorei a cidade com amigos e vivi intensamente aquele momento.

No filme o cara tem dois filhos, um menino mais criança e uma menina adolescente por volta de uns 16 anos. O filme trás a história pelo ponto de vista da menina que gosta de viajar com o pai, mas ao mesmo tempo se vê de saco cheio de estar sem seus amigos, ao contrário do seu irmão que, por ser mais criança, está adorando tudo. Ela acaba fazendo uma amizade com uma menina que também passa as férias por ali e começa a formar alguns amigos, que a levara a outras experiências.

Lembrei de outra viagem que fiz quando mais jovem, para Ubatuba. Fui com minha família e meus primos que eram meio chatos. Eu queria conhecer novos lugares e pessoas, mas eles insistiam em jogar vídeo-game. Naquela época eu já achava um absurdo ir pra praia e levar uma televisão e um vídeo-game. Pra que? Pra ficar dentro de casa jogando? Pra que ir pra praia então? Fica em casa. Se nós estamos viajando é pra aproveitar o lugar. Quando enjoavam de jogar, resolviam dar uma volta na cidade e adivinha aonde eles iam? Na casa de fliperamas e jogos. Mas pelo menos era outdoor. Não sei se acontece com todos, mas este filme me fez lembrar muito da minha infância e as descobertas que fiz nas idades tanto do menino quanto da menina.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Etiqueta da Corrida de Rua

Uma das coisas que me irrita é a pouca cultura esportiva e uma falta de ética no corredor em respeitar o seu companheiro ao lado. Eu posso fazer uma ligação com um transito de carros perfeitamente e vamos ver que as pessoas só pensam em si mesmas. Elaborei cinco dicas para quem está começando a correr seguir, mas acho que até muitos experientes também deveria seguir estes conselhos já que educação nunca é demais.

1- Caso um corredor queira ultrapassar outro, antes de virar, veja se alguém está logo ao lado para evitar esbarrões. Sinalize, de uma olhadinha para trás ou mesmo espere que o outro passe par você, ai sim, seguir.

2- A pessoa que está cansada e quer correr mais devagar ou caminhar, vá para os lados da rua, liberando o meio para que queira avançar. O que normalmente acontece é o contrário, por incrível que pareça.

3- Ao beber o copinho de água, jogue na calçada para não jogar mais obstáculos aos seus companheiros. Na última prova que disputei quase tropecei em um porque o energúmeno jogou um copinho quase cheio d’água, deixando-o pesado. Foi quase uma pedra no meu caminho. No caminho havia uma pedra.

4- Ao passar pela área de hidratação não corte seu colega ao lado. Os atletas que querem continuar correndo são obrigados a enxergar com antecedência onde estes funcionários estarão e se afastar para evitar esbarrões. Tem um bando sedento que enxerga aqueles copinhos como se fossem oásis e fazem de tudo para abrir caminho e pegar um. E logo em seguida caminham bebendo atrapalhando a passagem os outros.

5- Se você esta correndo junto com amigos, não corram lado a lado. Um casal eu até aceito. De três em diante acaba virando uma parede ambulante que trava vários outros atletas atrás impossibilitando os outros de passar. Escolha formar filas. Essas pareces só demonstram o egoísmo da pessoa em relação aos seus companheiros.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Amargurada

Tenho uma conhecida que costuma resmungar no facebook que não tem homem no mercado, que está sozinha procurando alguém e só encontra homem que não presta, que os bons ou estão casados ou são gays, e bla bla bla. Hoje li a seguinte frase que ela citou: “Namoro é igual a emprego, vaga tem... o que falta é gente qualificada pra ocupar o cargo!”.

Apesar de engraçadinha, a frase tem algo mais profundo. Na verdade homem tem, é que ela tem um grau de exigência maior do que a oferta. Vejo este problema muito hoje em dia. Muitas mulheres que eu conheço costumam falar a mesma coisa e eu acho que elas estão erradas em idealizar um homem a ponto de preferirem ficar sozinhas a conviver com uma pessoa com defeitos, somo todos humanos, ninguém é perfeito, nem ela no alto de seu salto alto.

Ela usou de uma frase de duplo sentido, como se ela fosse uma gerente de empresa procurando um homem para ocupar a vaga aberta de marido. A analogia é legal. Eu fiquei até com vontade de escrever uma réplica um pouco ofensiva, mas desisti pra não criar inimizade. Mas eu poderia escrever que “ um homem super qualificado não vai querer uma vaga onde só se faz arquivo. Não adianta nada exigir um milhão de coisas se a vaga é de estagiário.” Não que uma pessoa deve sair com outra apenas porque está sozinha. Ela deve estar onde se sente feliz, se sozinha é mais feliz do que com alguém, que seja. Agora ficar culpando o universo por causa de algumas experiências infelizes não tem muito sentido.

Teve um dia que ouvi uma discussão sobre este assunto no sentido de que a mulher nasce e é bombardeada pelos filmes da Disney e pelo estereótipo do príncipe encantado num cavalo. No restante da vida ela sempre vai procurar um cara que resgate esta bela imagem que ela tinha de um homem e sempre vai se decepcionar de uma maneira ou de outra. Hoje em dia as mulheres gostam dos seriados e filmes de comédia romântica, que é quase a mesma coisa da Disney, só que para adultas. No cinema ela olha pro filme, se delicia e quando acende as luzes, vira e tem um choque de realidade. Enfim.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Laranja Mecânica - Tratamento Ludovico

Acabei de assistir ao excelente filme Laranja Mecânica, clássico do cinema feito por Stanley Kubrick. A gang que comete crimes me lembrou bastante do filme Warriors, onde várias gangs vestidas com a mesma roupa apavoram a cidade futurista e degenerada.

Laranja Mecânica trata de um tema muito interessante que já vi relação em diversas outras obras, mas que não sabia existir um estudo sério a respeito. Na obra fictícia, eles dão o nome de tratamento Ludovico, que é um tratamento agressivo de se aplicar conceitos do behaviorismo no tratamento de pessoas teoricamente irrecuperáveis para a sociedade como os assassinos.

Tanto na obra quanto na nossa vida nós nos deparamos com um dilema insolúvel. O que fazer com bandidos? São recuperáveis para voltar à sociedade ou são pessoas com índole maléfica que sempre serão assim mesmo depois da cadeia? O tempo encarcerado recupera alguém ou o deixa mais violento? E aqueles assassinos sádicos e gente realmente ruim? Deve-se instituir prisão perpétua, pena de morte ou o que? São muitas questões sem solução. Quanto mais violência nos deparamos mais pessimistas nos tornamos em relação ao assunto. Cada vez mais construímos penitenciárias que não resolvem definitivamente o problema e geram mais custos ao Estado e não tem melhoram nossa vida.

No filme, inspirado em um livro, busca uma solução no behaviorismo. E se tivesse um tratamento mental que transformasse um sádico e sociopata em uma pessoa sociável e que pudesse viver em sociedade. O tratamento Ludovico é um tipo de condicionamento do cérebro, onde o paciente é obrigado a assistir vídeos de violência com a utilização de algumas drogas que o fazem se sentir mal. De acordo com a teoria, o corpo vai absorvendo uma relação entre dor física e o contato com a violência. Logo no futuro toda vez que ele se envolver em algum evento que fere violência ele se sentirá mal e se afastará daquilo que o traz dor. É o mesmo condicionamento que fazem com animais, onde o tratador dá choque quando o bicho faz algo errado e doce quando faz certo. Eles chamam isso de psicologia da aprendizagem ou punição e recompensa.

Acontece que o tratamento é extremamente doloroso e difícil. Lembrei-me de tratamentos do passado como choques na cabeça em pacientes com problemas mentais ou lobotomia. Foram tratamentos quase medievais e que foram praticados até pouco tempo atrás e que hoje são considerados aberrações. Funcionam num primeiro momento, mas estragam a pessoa de um modo totalmente desumano.

Achei referências em diversos outros filmes a começar pela série Lost. Na terceira temporada “Os Outros” aplicam um tratamento muito similar ao do filme de Kubrick no personagem Karl. Aliás, “os outros” tinham vários tratamentos médicos experimentais e sem nenhum escrúpulo que daria pra fazer algumas continuações ao Laranja Mecânica. No filme Street Fighter, Blanka é um homem trabalhado para ser um monstro terrível e por isso é bombardeado por muitas imagens de violência. Daria certo se o cientista não ficasse com pena e mudasse o programa para imagens boas e de amor. Então ficou um monstro pela metade. No filme O Soldado do Futuro, Kurt Russel faz parte de uma tropa que começa o tratamento de criar um soldado perfeito desde o nascimento. Então as crianças são condicionadas através de comportamentos, aulas e vídeos para achar a violência uma coisa normal e incentivar a agressividade neles. Em A Ilha eles também são treinados para pensar num lugar paradisíaco ao qual querem ir desde sua concepção, através de imagens enquanto são formados e depois com ensino e sessões de terapia. Enfim, têm inúmeros outros exemplos que eu me lembro que a técnica é aplicada e em todas é intrigante. Um assunto que me dá bastante curiosidade. Ainda vou pesquisar mais a respeito.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Bicicleta na periferia

Sonhei que estava andando de bicicleta em um bairro um pouco perigoso, casas feias, gente esquisita, mas não me importava. De vez em quando eu pensei estar em perigo de ser assaltado, mas continuei pedalando e ouvindo música no celular no bolso. Pensei estar fazendo alguma besteira por estar carregando coisas desnecessárias e caras por ai, dando mole para o azar, mas de alguma forma neste início de sonho parecia ser uma coisa secundária.

Cheguei a um cruzamento e eu procurava um caminho para voltar a uma região mais conhecida, mais no centro de São Paulo ou jardins, algo que eu conhecesse melhor. Ali não sabia nem em que bairro estava ou que rua era. Era uma avenida e na placa acima indicava que depois do semáforo, se virasse à esquerda, iria sentido av.Paulista. Empolguei-me e virei logo em seguida, mas a rua era uma ladeira bem íngreme. Consegui pedalar metade, mas não consegui prosseguir, como se houvesse uma barreira em impedindo de passar. Na vida real se eu me cansasse, era só descer e empurrar até ficar plano de novo, ou mesmo mudar a marcha. Mas ali eu não conseguia prosseguir. Parecia um daqueles caminhos proibidos do filme Show de Truman, que eles inventavam algo para que o personagem principal não continuasse por ali.

Como não consegui subir a ladeira, retornei ao cruzamento e na esquina da avenida, na porta de um barraco bem feio aparece o Renan me chamando. Ele ficou feliz ao me ver e me convidou a entrar em sua casa. Fiquei conversando com ele um pouco, dizendo que não consegui subir a ladeira e voltar à av.Paulista. Depois de um tempo resolvi sair dali. Ele me perguntou o que eu faria já que não conseguia ir naquele caminho e eu respondi que não me importava. Continuaria a pedalar naquela avenida na qual estávamos e que lá na frente talvez encontrasse outra placa com uma rota alternativa. Ele desejou sorte e nos despedimos.

A cada rua que passava, mais perdido me encontrava. As casas iam se sucedendo, as ruas iam ficando parecidas e as placas só indicavam lugares que eu nunca havia estado. O medo de ser assaltado ou de que algo acontecesse começou a aumentar. Eu procurava coisas erradas e olhava ao redor para me certificar que não estava sendo alvo de bandidos. Nada via, mas o sentimento que tinha gente me perseguindo foi aumentando. Ceguei a conclusão de que pelo menos três indivíduos estavam atrás de mim.

No auge da mania de perseguição, minha visão foi sumindo, o mundo foi ficando cada vez mais escuro até que eu não enxergava um palmo na frente do nariz. Situação surreal. Por algum motivo eu não estranhei o fato e continuava fugindo dos meus perseguidores. Como estava escuro pra mim, estaria para eles também. Então eu tentei me esconder, me encostar em uma parede ou atrás de uma caçamba de lixo, o que fosse para que não me vissem. Naquele momento só o tato me denunciaria já que a visão estava cancelada. Foi muito parecido com o filme Ensaio sobre a Cegueira.

Certo momento encostei-me a um carro e esperei a passagem dessas três almas do mal. Senti-oseles passando bem próximo de mim e não me achando. Continuei naquele local e sentia que havia mais gente próxima de mim. Não sabia se eles eram bandidos ou outra pessoa. Aos poucos a claridade foi voltando e minha capacidade de enxergar melhorou. Quando minha visão se restabeleceu, descobri que o carro ao qual estava encostado era uma viatura da polícia. E que na parte de trás do carro estavam três policiais vestidos a caráter, parados me olhando com aquela cara de “precisa de ajuda?”. Era como se a salvação tivesse caído do céu no meu colo. O curioso é que depois eu ouvi conversas de que tínhamos passado por um evento científico único, um tipo de eclipse mais hardcore que apagava até as luzes artificiais, sei lá. Parece meu cérebro lógico tentando dar uma explicação plausível para um evento fantasioso da minha mente.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Jogos no Parque

O serviço está puxado, mas perto de outros momentos que eu já passei está bem tranqüilo, não teria sentido de eu sonhar com o que eu sonhei. Estávamos todos em um parque de diversões, mas era um daqueles parques antigos, pequenos de cidade do interior com um carrossel, umas barraquinhas de pescar o peixe de brinquedo, maçã do amor e outras mais. Era quase uma quermesse mais bem produzida. Tinham várias pessoas do serviço lá e este sonho veio logo em seguida de outro que eu tive sobre animais. Então no meio do parque de diversões tinha atrações de circo também, macacos, elefantes, leão para o domador fazer loucuras, e o cheiro de coco de bicho com ração era presente como se estivéssemos no zoológico. Tinha sujeira pelo chão no local inteiro, uma mistura de palha com ração para animais por todo o lado.

Em uma das banquinhas de atrações tinha aquela famosa brincadeira onde um cara fica sentado em um banquinho em cima de uma piscina com água e o visitante do parque atira a bolinha no alvo. Se acertar em cheio, o banquinho abaixa e o cara que está em cima toma um banho. Uma brincadeira bem masoquista e divertida. Hoje em dia até tem em alguns lugares, mas o pessoal, politicamente correto, é menos maldoso e coloca bolinhas de plástico no lugar da água.

Não sei por que eu já estava escalado para ser um dos que se sentaria no banquinho. O sistema era o seguinte. A pessoa sentava e o outro jogava apenas uma vez. Se errasse, a vítima poderia descer e dar lugar a outro para tentar a sorte. Tinha uma fila tanto de vítimas quanto de atiradores e eu estava torcendo para que errassem o tiro e me safar. Influenciado por essa coisa de animais, os atiradores queriam jogar uma bolinha de ração no alvo. Eu achei totalmente ridículo a cena porque a bolinha era muito leve, mal chegava ao alvo e ia esfarelando no ar. Batia na parece sem qualquer força. Eu falei que não fazia nenhum sentido e que jogassem com a bola normal.

Um detalhe era que eles colocavam coisas diferentes na piscina. Quando chegou minha vez eles já tinham decidido colocar uma calda de chocolate, dessas que a gente coloca em cima do bolo. Uma piscina de uns 2 metros cúbicos de água cheinha de chocolate. Apesar de achar que eu iria me safar, estava muito preocupado em cair no chocolate. Imagina a dificuldade em se limpar depois. Eu não tinha levado roupas extras, então teria que me contentar em me limpar com um paninho e depois continuar o passeio todo sujo. Eu disse para os organizadores que eu não gostava de chocolate e que substituíssem por outra coisa. Ai eles disseram que se não fosse isso, seria uma calda de doce de leite. Eu adoro comer, mas cair num desses deveria ser muito horrível. Ai eu comecei a me imaginar caindo nesse doce de leite que apesar de cremoso, era mais grosso e mais difícil de limpar.

Quando vejo as pessoas se acotovelando para jogar a bolinha, percebi que quem ia tentar acertar o alvo era a minha chefe. Ai volto para a questão inicial de o que significa isto. A atual chefe é legal e não teria o porquê disto. Não me sinto uma vítima e a chefe uma atiradora. O sonho nunca terminou, não cheguei a ver se ela acertaria e não tive a experiência de cair no doce de leite. Mas o sonho é emblemático. No dia seguinte contei o sonho pra chefe e enquanto contava ela pensou que fosse o contrário: ela no banquinho e eu atacando a bolinha. Enfim. Será que esse negócio de cair no doce é um medo de voltar a comer que nem um louco e jogar a dieta pro saco? Vai saber.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Recebendo estranhos e animais

Sonhei que eu tinha uma casa com porão e chegou um casal sem teto precisando de ajuda não sei por qual motivo. Eu os acolhi e levei pra baixo e tentei instalá-los no porão para que ficassem por lá. Eles tinham dois bichos de estimação: um cachorro e outro animal que não sei dizer, mas parecia com um furão misturado com cobra. Eu adoro cachorros e brincava com este que eles trouxeram, mas eu odiava aquele outro bicho, não queria ele na minha casa.

O casal era legal e simpático e o cachorro era ótimo, eu os manteria por lá o tempo que fosse, mas queria me livrar daquele furão/cobra. Quando pegava o bicho em minhas mãos minha vontade era de esganá-lo, mas o casal não saia de perto. E eu não queria me indispor com eles, então resolvi que a saída era envenenar esse bicho. Busquei uma comida e coloquei numa vasilha de cachorro para alimentar os dois animais. Eu não queria matar o cachorro também, então peguei um pouco da ração com uma colher e joguei o veneno para dar pro furão/cobra.

Na minha cabeça eu temia que eles descobrissem que eu tinha matado aquele animal e chamasse a polícia, então teria que dar a comida envenenada e me livrar de todas as provas da existência do veneno. A colher era fácil de se livrar depois do bicho comer um pouco da ração. E minha maior preocupação era de uma gota de veneno cair na vasilha de ração no chão, pois seria uma evidência que a polícia poderia verificar depois e confirmar minha culpabilidade.

Na vida real o único animal que não me simpatizo muito é gato, mas eu nunca faria uma maldade dessas de matar o bicho. Achei curioso que eu estava tentando cometer um delito e me preocupando com as conseqüências de ser preso. O fato de eu estar matando algo não era problema nenhum, na verdade era um alívio de me livrar daquela coisa.

E o fato de eu acolher dois desconhecidos pra minha casa foi uma coisa surreal. Lembrei-me de uma cena do filme A Corrente do Bem onde o Haley Joel Osment, o menino do Sexto Sentido, faz a mesma coisa com o Jim Caviezel, morador de rua drogado, mas gente boa. O porão da minha casa no sonho se parecia bastante com a garagem do moleque do filme.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Interpretar sonhos é possível?

Eu gosto de escrever meus sonhos, pois acho uma fonte de histórias riquíssima. Se eu soubesse transformar este material bruto em textos mais romanceados e atrativos para o grande público, seria ótimo. São histórias sem pé nem cabeça. Muitos já teorizaram sobre os sonhos, mas muito do que dizem acho besteira, superstição, charlatanismo. É como a indústria da astrologia.

Difícil saber o que significam os sonhos. As vezes tenho dúvidas se eles realmente significam alguma coisa ou são imagens aleatórias sem sentido. Acho que eles se formam baseados no que a pessoa está sentindo recentemente, mas seu alcance é limitado. Por exemplo, se a pessoa teve um dia ruim, à noite o sonho pode estar mais confuso e carregado. A influência da vida no sonho vai mais por ai em minha opinião, sentimento imediato.

Tem gente que acha que o sonho analisa muita coisa pregressa, as aspirações, o sentido para o qual estamos indo. Acho muito difícil. Tem sonhos que eu apareço matando alguém, algum animal ou um monstro, nem por isso significa que sou violento na vida real. Nos sonhos podemos moldar e fazer o que quiser.

Quando tempos esta consciência enquanto está acontecendo, é maravilhoso. Mas eu quase sempre acho que o que está acontecendo é real e não consigo aproveitar a experiência como poderia. É como acontece no filme “Abre los ojos” em que o personagem está preso em um sonho onde poderia ter experiências maravilhosas, mas que sua mente leva para um lado bem trágico por não ter consciência que é um sonho.

Alguns acham e interpretam sonhos como se fossem previsões do que vai acontecer. Acho que não acontece assim, apesar de que a mente humana é muito complexa e cheia de mistérios. Quem tem alguma visão do que vai acontecer é porque já tem essa capacidade presciente bem desenvolvida de nascença. Mas um sonho onde encontro fulano não quer dizer necessariamente que vou encontrá-lo no dia seguinte. Um dia acordei com uma imagem na minha cabeça, minha mão cheia de sangue escorrendo pelos meus pulsos, mas não sabia o que tinha acontecido antes pra chegar à isto. Passei o dia esperando algo de ruim acontecer comigo ou com alguém próximo, pois a imagem era bem forte. Nada aconteceu. Foi simplesmente um sonho.

Pensei em pesquisar melhor pra saber o que as pessoas entendem por interpretações de sonhos. Mas num segundo pensamento, o que esses pseudo entendidos do assunto sabem? São simplesmente humanos que também tem curiosidade no assunto e desenvolvem teorias, mas saber mesmo ninguém sabe. É como acreditar em Deus. Alguns acreditam, outros não e nenhum dos dois tem certeza da sua escolha, é apenas fé, nada comprovado. Pode existir um milhão de argumentos para os dois lados, mas no final a pessoa vai acreditar no que quiser.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Cada um no seu ritmo

Quando pratico exercícios, seja na academia quanto em corridas de rua ou ciclismo, procuro sempre melhorar meu estado, sempre em busca de uma evolução. Esta é a minha meta: evoluir sempre. Não importa o quanto dure. Pode ser que eu demore muito pra atingir uma posição onde outro alcançou mais rápido. Cada pessoa tem seu próprio tempo, seu ritmo. Mas o importante é sempre buscar um pouco mais, nunca se acomodar.

Sou competitivo. Mas também sou realista. Não adianta eu tentar superar alguém que está em um estágio superior ao meu. Se eu ganhar dele, provavelmente foi sorte. Acredito na competência e no esforço pessoal. Claro que tudo na vida depende do caso. Tem coisas que não é apenas esforço individual, mas em outras sim. No caso dos esportes acho que depende exclusivamente de nós mesmos, independente se o outro cara tem equipamentos melhores. Temos exemplos suficientes na vida onde mostram pessoas humildes, mas determinadas, que superam o melhor aparelhado.

Acredito que devemos em primeiro lugar superar nós mesmos. Eu sou meu adversário e eu quero ser melhor do que fui ontem. Estou em disputa com outro eu imaginário e ele está ganhando. Eu sei que se for persistente, consigo ser melhor. Se eu levanto 10kg hoje e me sinto bem, busco levantar 12kg amanhã e sofrer um pouquinho mais. Se eu corro 10km em 1 hora, vou tentar baixar para 55 minutos. Nunca devemos nos acomodar com uma posição de conforto, senão nunca iremos progredir. A sensação de conseguir melhorar uma marca é muito bom, melhora a auto-estima e por tabela melhora nossa saúde.

Apesar de competitivo, nunca fui de invejar o outro. Quando vejo alguém melhor que eu, busco repetir seus passos para um dia ser como ele. Eu admiro pessoas de sucesso. Outro dia vi um cara levantar mais de 150kg no supino e fiquei impressionado. Eu mal consigo levantar 50kg e já estou de língua de fora. Um dia quero ser igual a ele e vou me esforçar para tal.

Quando vejo alguém pior que eu, não o deprecio. Eu também o admiro por estar tentando superar suas dificuldades estando num estágio abaixo do meu. Sei que se ele tiver disciplina chegará onde estou hoje. E ele não deve tentar dar um passo maior que a perna, deve seguir seu próprio ritmo e sempre forçar um pouquinho a mais quando se sentir bem com a carga que está tendo. Cada um está tentando galgar posições em busca da perfeição. Ninguém alcança, claro, ninguém é perfeito. Mas acho que o objetivo na vida é sempre tentarmos correr atrás.

Entretanto, apesar de boas intenções, devo confessar um pequeno guilty pleasure. Um dia chegou um cara marrento, olhando os pobres coitados com desprezo e com uma roupa de grife, luvinha de quem puxa ferro, todo com uma banca de gostosão. Mas quando foi fazer o exercício “remada alta”, percebi que eu conseguia levantar mais do que ele conseguiu nas três séries que executou. Cadê o bonzão agora. Deu certo orgulho de conseguir alcançar mais do que ele naquele momento.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Retrospectiva - Livros 2013

Li menos em 2013 e relação a 2012 infelizmente. O curioso é que não em quantidade de livros e sim no volume de escrita baseado em páginas. É muito fácil ler vários livros, se forem finos. Quero ver ler a mesma quantidade de livros grossos. Eu avalio se li mais ou menos dependendo da quantidade de páginas. Em 2012 li 26 livros ou 9.308 páginas, uma média de 25 páginas por dia. Em 2013 li 31 livros, cinco a mais que o ano passado. Um incauto diria que foi melhor, mas estes 31 livros deu uma quantidade de 7.398 páginas ou 20 por dia. Uma queda grande. Uma das explicações é que voltei a ler quadrinhos também, 10 para ser exato, o que ocupou um pouco o tempo que tinha disponível para livros.

Dos livros lidos ano passado, onze foram de não ficção e vinte de ficção. Quatro de Fantasia e sete de ficção científica. De todos, 13 foram livros emprestados e provavelmente não programados. Alguns eu até tinha intenção de ler mesmo, mas outros foram novidades na minha programação prévia e agradáveis surpresas. Segue a lista final em ordem cronológica com as respectivas notas de 1 a 5 dadas por mim no skoob:

5 - Tormenta de Espadas
4 - Crônicas Marcianas
3 - Branca dos Mortos e os Sete Zumbis
3 - O Pequeno Príncipe
5 - Fahrenheit 451
5 - Filosofia da Ciência
3 - O Viajante do Tempo
5 - O Retorno e Terno
3 - Dragões de Eter 1 - Caçadores de Bruxas
5 - Noites Brancas
3 - Jogo Perigoso
4 - Guia Politicamente Incorreto da América Latina
3 - O menino do pijama listrado
5 - Duna
4 - Duas Narrativas Fantásticas
3 - A soma e o resto
3 - Guia Politicamente Incorreto da Filosofia
4 - Os Messias de Duna
4 - A insustentável leveza do ser
4 - Carcereiros
4 - Crash
4 - Antonio Ermírio de Moraes
5 - Filhos de Duna
3 - Não se desespere
3 - Mercado de Cambio Brasileiro e Cambio de Exportação
4 - Rainha do Castelo de Ar
2 - Honoráveis Bandidos
4 - Filhos do Fim do Mundo
4 - Sonhos de Robo
3 - O Segredo de Luisa

Quadrinhos

5 - Maus
5 - Gen Pés Descalços - Uma história de Hiroshima
5 - Gen Pés Descalços - O dia seguinte
3 - Gen Pés Descalços – A vida depois da bomba
3 - Gen Pés Descalços – O recomeço
5 - Fracasso de Público - Heróis Mascarados e Amigos Encrencados
5 - Fracasso de Público – Desencontro de Titãs
4 - Fracasso de Público - Adeus
4 - Sandman - Preludios e Noturnos
3 - Cicatrizes