sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cão

A peça é dividida em duas partes. Na primeira a personagem principal já começa seu relato bastante transtornada, como se tivesse passado por muitos problemas na vida e resolve desabafar com a platéia. Então começa um monólogo onde ela relata de forma bastante intrigante e envolvente os eventos dos últimos 9 anos. Tudo começa a acontecer quando ela compra um cachorro chamado Troy. A personagem desenvolve uma relação de respeito e admiração pelo seu cão quase como um simbionte, tudo o que acontece dali pra frente em sua vida é vinculada ao cachorro e ela obtém muito sucesso profissional.

Uma coisa que eu já ouvi antes é que o cachorro geralmente adquire um comportamento parecido com seu dono. Mas gostei de uma frase que ela disse que um dono às vezes chega a ser a extensão do seu cachorro. É mais ou menos o que acontece na história, pois o cachorro é imponente e faz com que ela seja mais confiante e progrida no trabalho.

O seu relato de vida é muito bom. Mas chega a um ponto da historia que foi inesperado e não estava preparado para ver. Seu marido adquire uma grande depressão e desenvolve uma segunda personalidade em que pensa ser um cachorro e se comporta como tal, apagando completamente a personalidade humana anterior. É uma coisa totalmente bizarra e parece ser criada por um escritor criativo, mas não. É uma patologia real, chama-se licantropia, procure no Google.

O ator que faz o cachorro deve ter usado todas as técnicas aprendidas no curso de teatro de expressão corporal porque o desenvolvimento físico que ele faz é bem libertador. Ele se entrega no palco. E também provavelmente estudou muito o comportamento de um cachorro nos mínimos detalhes. Ele não apenas imita um cachorro latindo ou andando de quatro. Mas ele faz diversos movimentos e comportamentos pequenos e sutis que reconhecemos nos nossos próprios animais de estimação. Sua representação é impressionante principalmente nos detalhes.

O texto da peça também é muito bom. Deixa o expectador preso à história e nos faz até refletir sobre a vida e seus problemas. Acho que a personagem principal foi louca e tomou atitudes discutíveis. Eu imediatamente internaria o pobre coitado no manicômio mais perto. Mas ela foi levando a história até o insuportável. É uma peça que precisa ser vista!



Teatro Augusta
Duração: 80 minutos
Em cartaz até: 01 de novembro de 2012
Quartas e quintas, às 21h
Preço: R$ 30,00
Direção: Samya Enes, Hévelin Gonçalves e Rui Xavier
Elenco: Hévelin Gonçalves e Rui Xavier
Texto: Rui Xavier

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