Até que eles passaram bem a idéia principal, mas fizeram dezenas de adaptações que prolongaram o filme desnecessariamente. Tudo bem que para conseguir um longa metragem baseado em um conto, talvez seja necessário a inclusão de alguns fatos que alimentem mais um aspecto da história deixando-a mais profunda. O problema é quando o roteirista se empolga e inventa muitos acontecimentos que não fazem parte do original, excluir partes interessantes e, o que é pior, alterar cenas.
Adaptação é uma coisa complicada, nunca vai agradar 100% dos fãs e a gente já tem uma certa suspensão de descrença para aceitar o que vier. Mas o que mais causa irrita no filme é a história direcionada à família, mais água com açúcar, comédia romântica. Não me entenda mal, eu gostei do filme. Só que o Robin Williams já tem cara de sessão da tarde e as comédias que faz também são do mesmo naipe.
Vamos por partes. A parte inicial onde Andrew, o robô, começa a se desenvolver com o primeiro senhor é excelente, fiel ao original. Só que percebemos a necessidade do diretor de criar alguns conflitos desde já, como a irmã da menininha ser malvada. No original não existe isto, a família é ótima. Posteriormente o filho da menininha vai ser um dos personagens que mais vão ajudar Andrew a progredir, mas no filme é retratado com a mesma mesquinhez da outra menina. No conto, quem faz a vez dos vilões é a sociedade preconceituosa da rua, são personagens aleatórios de fora.
Uma das coisas que mais irritam no filme e que não existe no texto é o romance que o Robin Williams tem com a neta da menininha. Uma enrolação água com açúcar bem chata e sem necessidade. A motivação inicial do personagem não precisava deste incentivo a mais, ele já queria se transformar em humano desde o início. O fato dele se desenvolver em relação a criação de órgãos artificiais para uso dos humanos foi fielmente seguida do conto. Mas ele que fez tudo sozinho, não teve ajuda daquele cientista gordinho e da robô fêmea do filme.
E não é todo mundo que tem seu robô no futuro, como é mostrado no filme. No conto, só alguns privilegiados tem este privilégio. E o primeiro senhor dele é um político, um senador, por isto a oportunidade de ter um desses. Logo depois de descobrir que Andrew pensa por si só, a US Robotics interrompe a venda de robôs e começa apenas a arrendá-los com uma mente coletiva ligada à sede da empresa. Com isto os futuros robôs não poderiam mais ter a possibilidade de desenvolver uma mente única.
De resto, a discussão sobre o que define ser um humano e de como um robô pode se transformar em um é a mesma em ambas as mídias e muito interessante.
Ai esse filme é lindo, já vi várias vezes.
ResponderExcluirJá respondeu nossa pesquisa no blog ?
Big Beijos