Ao assistir a peça, me lembrei muito de um filme estrelado pelo Christopher Reeve chamado “Noises Off”, ou no Brasil “Impróprio para menores”. Não sei se o autor do texto se inspirou ou já conhecia o filme ou não, mas a idéia do filme e da peça são os mesmos e igualmente divertidos. Aliás, para quem nunca viu o filme, recomendo.
O diretor trabalhou com vários estereótipos que devem ter em um grupo de atores. Tem a atriz estrela esnobe que acha ser superior a todos os outros. Tem o iniciante sem talento que só entrou porque um dos patrocinadores impôs sua presença. Tem o ator que só porque apareceu numa novela da televisão se acha melhor do que os outros que só aparecem no teatro. Deve ser muito difícil trabalhar com um grupo de pessoas com tantos egos inflamados como deve ser no teatro. Atores geralmente têm personalidade forte e são desinibidos, mostram sua verdadeira personalidade e o conflito é inevitável.
Mas, pensando bem, em qualquer lugar é assim. É só olhar pros outros ramos de trabalho. Quem nunca viu um cara ser colocado numa vaga só porque é filhinho do papai ou porque é indicado por alguém importante, mesmo que tenha menos competência do que um funcionário de carreira que estava esperando sua chance? Os conflitos fazem parte da condição humana, pra isto que serve um gerente ou no caso o diretor de teatro, pra colocá-los todos nos trilhos.
Uma peça de teatro, aos meus olhos de expectador, deve ser uma coisa muito difícil. Memorizar um texto de uma hora ou uma hora e meia e se movimentar com os outros atores coreografados para que ninguém se esbarre deve ser necessário muito ensaio. Fico imaginando quantos dias repassando as mesmas cenas eles não devem fazer. Talvez pela sua própria profissão e pela vocação para a coisa, o trabalho apesar de complexo é fácil e prazeroso. Não me imagino na pele deles, definitivamente não tenho este direcionamento.
Outra coisa é o pânico de se apresentar para um grande público e torcer para que nada de errado. Estar na frente de muita gente te assistindo é outro desafio que admiro nos atores. Acho que com grande nervosismo, a pessoa pode ter um branco total ao subir no palco. Aquela uma hora memorizada pode virar pó. E ai? E quando objetos caem ou o ator tropeça e se machuca, como já ouvi falar ter acontecido em outras peças? Nada pode ser refilmado porque não é TV, ele está à mercê da sorte.
Enfim, a peça é muito boa e tem personagens bastante carismáticos. Acho que o preferido de todos é o cara que faz o mordomo Cléber Tolini, muito bom por sinal. Uma peça que vale a pena.
Peça:Atrás do Pano
Teatro: Itália
Texto: Luiza Jorge.
Direção: Marcelo Romagnoli.
Elenco: Tadeu di Pyetro, Fábio Espósito, Gustavo Haddad, William Amaral, Cleber Tolini e Luiza Jorge.
Duração: 80 minutos.
Ingressos: Sextas Populares R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia.
Sábados e domingos R$ 40,00.
Indicação etária: 12 anos
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