sexta-feira, 8 de junho de 2012

Coisa de louco também na platéia

A pior platéia é aquela inconveniente que atrapalha o bom andamento do espetáculo, seja ele qual for. Tive uma experiência com uma dessas na peça “Coisa de Louco”, apresentada no Teatro Santa Catarina do Hospital Santa Catarina, que conta a história de um contador que é chamado às pressas para fazer uma palestra sobre as drogas. O cenário e o jeito que o autor se comporta é como se fosse uma palestra de verdade e não uma encenação, lá está a mesinha com a água, um totem e um flipchart para as anotações durante a apresentação, mas claro, claro, que é uma representação de uma palestra. A situação inusitada é que é engraçada, o que um contador teria pra falar sobre drogas? E ainda sendo chamado em cima da hora. O texto se baseia nisto.

Teve umas pessoas da platéia que parece que não entenderam a idéia que existe em um teatro. Em uma peça, uns representam e outros assistem. Acho que eles caíram de pára-quedas naquele teatro e resolveram se divertir e interagir com o ator. Já começaram a interromper o bom andamento da apresentação quando o ator entrou em cena dizendo “boa-noite” como se estivesse em um auditório cheio e ele estivesse pronto pra começar a palestra. Não foi uma boa noite pro público da peça e sim para o da história, foi retórico, mas essa galerinha do mal respondeu em uníssono “BOA NOITE”. Na hora achei estranho e pensei que fosse um condicionamento natural das pessoas. Quando se dá boa noite, instintivamente temos a vontade de responder a cortesia devido a anos de repetição em suas vidas. É a mesma coisa daquelas pessoas que dão boa noite pro William Bonner no Jornal Nacional. É uma coisa de louco, mas compreensivo.

Logo após o ator, representando o palestrante, fez perguntas retóricas à platéia da história, não a nossa, para simular um começo de apresentação da palestra, mas esses expectadores acharam que a peça era feita exclusivamente para eles. Começaram a responder as perguntas, acharam que estavam numa sala de aula ou num curso presencial de alguma empresa, não é possível. Ou estavam num estágio de senilidade já avançada, pois eles pareciam pacientes do hospital que fugiram de seus quartos. O ator, já macaco velho, lidou bem com essas interrupções e prosseguiu na história. Já eu fiquei extremamente irritado. Eles estavam se divertindo a beça, mas eu queria assistir sem interrupções ou conversas ao lado. Parecia que eles estavam sentados em frente à televisão de casa conversando um com o outro. A cada coisa que o ator dizia eles comentavam alto entre si e com o ator em cena. Eu me desconcentrava.

Enfim, o contador da história não entende muito do assunto drogas, apesar de ser um hipocondríaco de carteirinha e tomar medicamentos a cada 5 minutos. Então ele acaba desabafando sua vida conturbada para a platéia. Pego de surpresa em apresentar um assunto que não domina, ele vê similaridades entre as drogas e os remédios, coisa que eu também vejo, não é a toa que compramos remédios em uma DROGAria.

O ator, depois da apresentação, até comenta deste teatro que eu não conhecia. É uma sala dentro do Hospital Santa Catarina. Ele diz, e é verdade, que faltavam mais salas de teatro na av.Paulista e é mais um lugar para lazer depois do serviço e próximo do metro, de fácil acesso. A sala é bem ampla e as cadeiras são próximas ao palco, muito bom. Só peca pela distância das cadeiras entre uma fileira e outra. Se você se senta no meio, todos os outros têm que levantar pra você entrar, impossível passar com eles sentados. Defeito que acontece também em alguns outros teatros.

Coisa de Louco
Texto: Fauzi Arap
Direção: Elias Andreato
Ator: Nilton Bicudo
Quando: terças, às 21h. Em cartaz até 03/07/2012
Onde: Teatro Santa Catarina - av. Paulista, 200, São Paulo.
Quanto: R$ 30

Um comentário:

  1. Ja assisti peça nesse teatro. Mais que coisa chata não respeitar uma peça de teatro. Big Beijos

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