sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Brasileiros defendendo outras seleções

Muitos jogadores de futebol brasileiros já defenderam outras seleções e ainda acontece hoje em dia. Antigamente era uma coisa mais fácil de fazer juridicamente. Com o tempo foram sendo criadas regras para que se naturalizasse em outro país. Hoje em dia um jogador que defende pelo menos um jogo em uma seleção já está barrado em outro país. E para defender outra seleção, sem ter um histórico consangüíneo com aquele país ele precisa estar jogando no campeonato deles pelo menos 5 anos seguidos. Mesmo assim, com tantas barreiras ainda tem muito brasileiro que já jogou em outros países como o Paulo Rink, na Alemanha, Marcos Senna na Espanha, Liédson e Deco em Portugal e o outros mais.

Claro que a gente fica um tanto enciumada com a situação. Sendo eles brasileiros, queremos que eles defendam nosso país como se fosse uma guerra. Quando resolvem jogar por outra pátria, são traidores. O futebol, como todo esporte coletivo, é uma representação moderna das guerras e conflitos territoriais de séculos atrás. Antigamente exércitos se enfrentavam e os vencedores bebiam o sangue dos oponentes numa taça. Hoje usamos bolas no lugar de espadas e no final também levantamos as taças que representam a vitória de nosso país. Um jogador que abandona nossa seleção é encarado como um desertor de sua pátria.

Hoje a gente não tem esta visão terrível de deserção, pois o esporte está mais profissionalizado. É um mercado de trabalho como outro qualquer mesmo tendo campeonatos onde opõe países contra países e isto faz levantar o espírito nacionalista. Hoje, depois de crescido, entendo melhor estes jogadores que atuam em outras seleções. Com raras exceções, os atletas só resolvem jogar em outra seleção quando percebem que não terão chances na seleção de seu país. O Brasil sempre teve muitos craques e o time só tem 11 jogadores. Um cara que é reserva do reserva no Brasil é muito melhor que o titular de outro país. É claro que os outros irão recebê-lo de braços abertos. É o mesmo que ocorre com o basquete norte-americano. Temos que entender a situação que a pessoa se encontra e no seu dilema. Ela também tem o direito de jogar uma Copa do Mundo, mesmo que seja por outro país.

Em longínquos anos de 1958, o grande jogador brasileiro Mazzola defendeu nossa seleção brilhantemente e se sagrou campeão junto com Pelé e Garrincha. Na copa seguinte ele defendeu a Itália, a qual se naturalizou. Lendo os registros da história futebolística eu sempre me perguntei por que ele decidiu mudar de país. Tudo bem que ele era descendente de italianos, mas ele era brasileiro e já era um grande jogador e já fazia parte da seleção brasileira. Sempre pensei que a decisão de mudar de país tinha sido por causa da sua família italiana ou por causa de dinheiro mesmo. Mas assisti uma entrevista dele no Programa do Jô recentemente e ele explicou a situação.

Na época o Brasil não convocava atletas que jogavam no exterior. Depois da copa de 1958 ele foi jogar na Itália e por esta razão não foi convocado. Ele guarda muita mágoa da época, pois queria defender seu país e não podia. Inclusive foi criticado e ofendido por jornalistas brasileiros que o chamavam de mercenário. Hoje em dia a maioria dos jogadores do mundo inteiro atua em países diferentes do seu, principalmente os brasileiros que estão em sua grande maioria na Europa. Agora as coisas se inverteram, é mais fácil ser chamado para a seleção jogando fora do que no Brasil. O Mazzola inclusive citou o caso do Julinho Botelho, um dos maiores pontas que já teve, que foi cortado da seleção e em seu lugar foi chamado o Garrincha. Claro que o Garrincha se tornou um dos melhores jogadores de todos os tempos, mas de acordo com Mazzola, na época o Julinho era melhor que Garrincha. Só não foi chamado, pois jogava na Fiorentina.

Acho muito bom quando se corrigem erros do passado como este. Mazzola e Julinho eram brasileiros e queriam defender seus países. Mas por causa da política da época não foi possível.

Um comentário:

  1. Os jogadores devem mostrar o seu talento independente de ser no Brasil ou não. O sonho de todos é um dia jogar pela seleção brasileira. Percebo uma certa máfia por parte dos treinadores que não convocam craques de outros times sejam eles nacionais ou internacionais.
    Te pergunto: Se vc não fosse acolhido pelo seu país não disputaria pela seleção de outra nação?
    Bom fds.
    big beijos
    Lulu

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