segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A situação do porteiro

Hoje eu fui para um apartamento de um amigo da família na praia que não tinha o costume de ir faz bastante tempo. Estava com vontade de passar um tempo próximo do mar e como tinha um lugar desse disponível, resolvi ir de repente, sem planejamento. Acontece que na correria eu me esqueci de pegar o crachá de identificação do carro para entrar e estacionar na garagem e da chave do apartamento. Ainda na estrada liguei para este amigo informando do ocorrido e ele disse que eu poderia falar com o guarda da guarita dizendo pra dar uma chave de reserva e caso tivesse problemas, para o síndico ligar para o dono do apartamento registrado (ele no caso) para confirmar minha identificação e autorizar a entrada. Ele ainda lembrou que como eu já tinha ido lá, eles iriam me reconhecer. Fiquei mais tranqüilo, mas com um pé atrás, pois sempre existe a chance de dar errado.

Ao chegar, o porteiro era um que eu nunca tinha visto antes. Parei o carro fora e chamei-o para falar sobre o crachá do carro. Ele me olhou estranho tentando entender o que eu queria, nesta hora pensei que não daria certo. Mas ele autorizou minha entrada e me deu um substituto do crachá. Entrei com o carro, mas o problema estava somente 50% resolvido. O mais importante era conseguir uma chave para entrar no apartamento. Então logo depois de estacionar o carro fui me encontrar com ele na entrada. Ele se apresentou, disse que era recém contratado do prédio e até se desculpou por não me reconhecer como morador. Fui honesto e disse que eu era amigo do dono do apartamento, que havia esquecido a chave e pedi uma reserva. Ele, muito amistoso, concordou na hora e foi pegar uma no quartinho dele. Eu ainda desconfortável com a situação achando que ele estava um tanto receoso pela situação sugeri que ele podia ligar para meu amigo que ele poderia confirmar que estava tudo certo. O porteiro nem cogitou a minha sugestão. Disse que não precisava e disse “tenha uma boa estadia”.

Claro que eu fiquei satisfeito com o resultado da situação. Liguei em seguida para confirmar minha entrada no apartamento e dizer que estava tudo certo. Quando desliguei fiquei pensando na situação. Eu poderia ser qualquer pessoa desconhecida e o porteiro me deixou entrar numa boa sem pedir nenhum documento nem nada. Apesar de ter dado tudo certo, ele teve um comportamento errado nesta situação. E se fosse um ladrão e um bandido que quisesse fazer um arrastão no prédio? Teria a maior facilidade do mundo e nem precisaria de uma arma de fogo.

Hoje em dia arrastão em prédios em São Paulo é a coisa mais normal do mundo, acontece quase toda semana e são noticiados na televisão. Outro dia assaltaram apartamentos de um prédio que está na mesma rua da casa da minha irmã. Ela mesma disse que outro dia conseguiu entrar no prédio sem se identificar. Quando tem muitos apartamentos, as entradas de carros ficam bem congestionadas e tem aquela fila pra entrar. Quando o porteiro abre pra um, o outro carro de trás entra numa boa aproveitando a porta aberta. Ela mesma disse já ter feito isso na pressa e até se preocupou com a situação depois das notícias de assaltos.

Até entendo a situação do porteiro. Pra não perder o emprego ele tem que ser simpático com os moradores, seu cliente, e com os visitantes e familiares. Se ele ameaçar barrar um, já chega a patrulha dos revoltosos criticando sua atitude. Deixa um ladrão entrar por não conseguir diferenciá-lo de um morador ou um visitante, é culpado. Mas acho que ele tem que fazer seu trabalho do jeito certo, barrando pessoas não autorizadas, independente se a dondoca chata chamou amigos e não informou quem eram. São essas brechas que a bandidagem se infiltra e aproveita. Se não tivermos todos os cuidados, fica muito fácil ter a casa assaltada.

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