Gente de preto que não acabava mais. Da estação saia aquele grupo de corvos em manada atravessando a Avenida Cruzeiro do Sul forçando o transito parar, mesmo não havendo semáforo ou faixa e pedestre. Na rua que liga ao Campo de Marte existiam diversos vendedores ambulantes com bebidas e camisetas, como de praxe. Mas o que me surpreendeu foi a qualidade da venda. Era só cerveja Heineken, Budweiser e Stella Artois. Em evento povão, geralmente vemos Schin, Brahma e Skol no máximo. Será que eles pensaram que num show do Sabbath teria gente com um gosto mais refinado? Comprei umas Stellas só pra marcar presença, mas já seguimos pro evento. Vontade de ir ao banheiro no meio do show não dá né, principalmente um desse tipo.
Enquanto degustávamos a cerveja apareceu um colombiano do nada que disse ter vindo ao Brasil apenas para assistir o show e estava vendendo cartões da banda pra ajudá-lo a voltar pra casa. Argumento de venda que pode ou não ser verdade, mas não estava com a mínima vontade de gastar dinheiro com aquilo e recusamos apesar da insistência. Vimos sair resmungando e resolvemos nos dirigir direto pra entrada. Outra coisa idiota, que irrita muito e quase sempre acontece em shows de rock e entrada de estádio de futebol é a colocação de grades obrigando a formar uma fila bem longe da entrada. Até entendo o motivo, pra não virar muvuca e atrapalhar o transito, mas é frustrante estar a apenas alguns passos e sermos obrigados a deslocar uns 200 metros à esquerda e voltar só pra seguir o sentido da fila. Estava bem tranquilo no horário que cheguei, sem qualquer problema.
O Campo de Marte é um lugar bem aberto e bom para se ter um show com grande quantidade de gente. Os banheiros ficavam logo no começo da entrada. Gostei porque eram bem amplos e rápidos de usar, feitos para não perder tempo. Ponto positivo. O negativo é que este era o único em todo o local e ficava bem longe do palco. Se a gente quisesse voltar, tinha que perder metade do show só pra isto. Não ingeri mais nenhum líquido a partir deste momento só pra não ter que voltar.
Comida dentro era um absurdo de caro, claro. Copo de cerveja R$8,00. Um cone de batata frita saia por R$12,00. Tinha um gordão do meu lado que deve ter pegado uns 3 desses fora várias cervejas. Se ele tinha tanta grana assim, me pergunto por que não economizou e comprou uma entrada vip? Enfim. Apesar de grande ele era cercado de grades de contenção, nos obrigando a dar uma puta volta do espaço só pra chegar mais próximo no local. No meio era mais cheio e nos cantos mais vazios. Então nos posicionamos do lado direito e colado numa grade. Parecia o local perfeito, mas a noite seria longa. Os telões espalhados pelo local tinham uma imagem perfeita, muito nítida. Sem dúvida HD. A visão do palco também era muito boa, diferente da que eu tinha experimentado no show do Ozzy no estacionamento do Anhembi.
Sempre antes desses eventos os organizadores costumam tocar umas músicas de rock pra tornar o ambiente mais parecido com o que vamos enfrentar. Em outros shows que fui, ouvi bandas de todo tipo e Metallica é sempre bem recebido pelo público. Neste dia eles escolheram umas músicas do AC/DC. Foi ótimo. O problema é que parece terem trazido apenas UM cd. Então ficávamos ouvindo as mesmas músicas em um loop infinito sem parar. Comecei a ficar com raiva de ouvir pela décima vez Back in Black, Whole Lotta Rosie ou Highway to Hell. Custava terem trazido mais alguns CDs de outras bandas ou ligarem na KissFm ou 89Fm?
Além da música de fundo de vez em quando eles ligavam o telão pra passar um vídeo promocional do evento. Assim que ligavam as luzes a galera já se agitava pensando ser o início das atividades da noite, mas faltavam ainda algumas horas até o primeiro show do Megadeth. Novatos! No vídeo eles apresentavam os locais de saída de emergência (que estavam todos fechados quando passei do lado), banheiros na puta que pariu e 500 bares caros espalhados em todo o lugar (isto eles não economizaram). Ai começou as propagandas. Passaram tantas vezes este maldito vídeo que o público começou a ficar com raiva dos anunciantes. Será que a Sky não se tocou que bandinhas pop/teen em um comercial sendo exibidas para um público que curte metal não é uma boa publicidade? Se eu estou no departamento de marketing deles, diria na hora pra contratarem o Sepultura pra mostrar sua marca e usar a propaganda neste evento. Mas não. Então começaram as zoeiras. Um cara gritava pra todo mundo ouvir que a Sky era uma bosta e quem todo mundo assinasse a Net. Era só começar a propaganda de novo pro público dar aquele “ahhhhh não” de desespero e tristeza. Tenho certeza que depois daquela noite muita gente saiu odiando a Sky.
Uma parte boa do evento foi a antecipação das bandas. O Megadeth entrou com alguns minutos de antecedência e o Black Sabbath entrou meia hora antes. O show terminou as 23h, possibilitando que o público conseguisse pegar o metrô. Eu já fui preparado pra sair depois da meia noite, como sempre acontece nesses eventos. A saída do local foi muito mal planejada. Ficou claro que eles pensaram bem na chegada, mas esqueceram da saída. Eram 77 mil pessoas saindo em um funil, já que a porta de saída era de apenas alguns metros. Depois que o público deixava o local, caia imediatamente na av. Santos Dumont. Imagina o mar (não, o tsunami) de gente invadindo a avenida e as ruas adjacentes. Deu até do dos carros ilhados no meio do público. Eles devem ter passado muito tempo ali. Imagina toda essa galera indo para o metro mais próximo, o do Carandiru? Travou, claro. Impossível e entrar. Resolvemos andar até o próximo. Levou pelo menos meia hora, mas conseguimos finalmente chegar. Estava tranquilo e fácil. Se houvesse um pouco mais de organização, todos tinham conseguido embarcar com tranquilidade. Por causa desta caminhada noturna pegamos o último trem que saia da estação Luz e fomos direto pra casa desmaiar, depois de 6 horas de pé e pulando.
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