Os brasileiros têm hábitos mal-educados que herdamos de muito tempo atrás. Claro que evoluímos com o passar dos anos, hoje somos mais civilizados do que anos atrás, mas ainda temos muito que fazer para se aproximar aos europeus. Desde a chegada de Dom João VI, temos melhorado nosso comportamento com a introdução de regras básicas de convivência. No livro 1808, de Laurentino Gomes, relata como foram os primeiros anos do monarca português em solo brasileiro, depois de fugir do Napoleão. Segundo o autor, o rei ficou assustado com a sujeira e os hábitos de cuspir nas ruas e de jogar as necessidades feitas em penicos pela janela, já que não havia saneamento básico. A proliferação de doenças era incrível. Então se começa uma catequização de hábitos básicos e etiqueta para uma convivência melhor entre a população. Fiz esta introdução para lembrar o que nós brasileiros já fizemos em uma cidade tão grande quanto o Rio de Janeiro em apenas 200 anos. Hoje temos comportamentos que são absurdos para povos mais cultos, mas que para nós são rotinas.
Nesta semana fui assistir a um filme em uma sala de cinema mais tarde vi uma peça de teatro, ambas na região da av.Paulista. Em ambas tiveram problemas que considero falta de educação entre expectadores que pagaram um ingresso para assistirem um trabalho artístico e não desejam serem incomodados.
No cinema, entramos na sala e fomos nos acomodando em poltronas da nossa escolha. Todos já estavam sentados aguardando o início da projeção e as luzes ainda estavam acesas para auxiliar aqueles que estivessem para chegar à sala. Estava acontecendo muita conversa alta entre amigos e namorados. Eu acho normal este comportamento, pois ficar parado sem fazer nada olhando pra frente sem nada passando na tela é um saco, então não custa nada conversar com o amigo do lado. Mas duas senhoras se incomodaram e ficaram fazendo “psiiiu” e pedindo pra fazerem silêncio. Um cara logo atrás delas pegou pilha e ficou irritado com elas dizendo que ele tinha o direito de falar o quanto quisesse, pois a sessão não tinha começado ainda. As velhas disseram que elas pagaram o ingresso e que tinham o direito de silêncio. E eles começaram a bater boca. Um terceiro cara do outro lado da sala mandou todo mundo calar a boca e eu dei uma risada alta, pois achei muito hilária a situação. Nesta hora começou a exibição dos trailers e todos se aquietaram. Neste ponto concordo com o cara. O filme ainda não tinha começado, então a regra de silêncio não se aplicava. Se eles continuassem a tagarelar durante a exibição do filme, ai eu daria razão para as mulheres.
Mais tarde fui ao teatro e quando as portas foram abertas, nos direcionamos aos nossos lugares marcados no ingresso. Todos estavam sentados e aguardando o início da exibição. Tem uma prática brasileira de que se a pessoa que comprou um lugar melhor no meio de frente para o palco não aparecer, outro expectador pode correr e pegar este lugar antes de começar o espetáculo. Então muitos que compraram lugares nos cantos do teatro ficam de olho nos lugares vazios no meio da platéia. Eles não vão com antecedência pra lá para não passarem um papelão quando o dono do lugar chegar e pedir para que eles se levantem. Mas uma vez fechadas todas as portas e soarem o som informando que a peça vai iniciar, começam a dança das cadeiras de gente correndo para o meio para ocupar um lugar melhor.
Até ai, acho correto. Já que o lugar não vai ser ocupado, não custa nada um cara assistir daquele lugar. Não é o correto ou muito educado, mas aceito. O que eu não aceito e o que aconteceu nesta peça é do pessoal ficar mudando de lugar depois da apresentação ter começado. Já estava uns 10 minutos de encenação e não parava de aparecer gente mudando de lugar. Achei muito desrespeitoso, incomodava muito ter nossa atenção desviada para esses que ficavam circulando na sala durante a peça.
As pessoas não têm educação o suficiente para saber até onde vai sua liberdade e onde começa a liberdade dos outros. Acham que tem o direito de fazer o que quiser sem entender ou aceitar a necessidade dos outros, o que é péssimo. Pensam apenas no seu conforto. Temos muito que melhorar.
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