terça-feira, 5 de novembro de 2013

Série Delta: 3º Etapa Rússia: São Paulo

Não era pra eu ter participado de uma corrida de rua tão próximo de outra que corri há duas semanas. Até pensei em desistir, mas como já tinha pagado, minha obrigação era estar presente e não me arrependi. Foi um evento muito bom, assim como foi na segunda etapa do ano onde homenagearam o Japão. Desta vez o dia estava muito bom desde o começo. Apesar de estarmos no horário de verão, às 7h30, horário de largada, já estava com o sol forte, que durou o dia inteiro.

A ideia de participar de provas pagas como esta é como se fosse um teste para meu condicionamento físico. Estou tentando praticar o exercício na academia e melhorar meu estado, então depois de uns dois ou três meses eu me inscrevo em uma prova dessas e vejo se consigo baixar o tempo. Interrompi este ciclo ao participar da corrida do SESI há duas semanas para acompanhar meu irmão. Naquela corrida eu consegui baixar meu tempo em aproximadamente dois minutos e sai muito satisfeito. Depois disto, era pra eu ter descansado uma semana, fazer mais um treino na esteira e corrido esta prova da Rússia, mas por causa de outros compromissos minha programação foi toda bagunçada e não corri mais nenhuma vez. Já esperava uma corrida ruim. Uma melhora requer tempo, nada progride assim do nada, sem preparo. Eu tive um avanço na corrida anterior, pois me preparei, por dois meses, seguindo uma programação previamente planejada por mim mesmo. Nesta corrida eu apenas torci para que repetisse pelo menos o tempo anterior ou que não passasse muito.

Os primeiros 5km do percurso que começa em frente ao Museu do Ipiranga é cheio de ladeiras, subidas e descidas fortes, principalmente a largada que é subindo. Mas nesta primeira parte eu fui muito bem, fiz um tempo ótimo pra mim, 27 minutos, e se conseguisse continuar na mesma pegada eu conseguiria reduzir em muito meu tempo. Já a partir do 6km as coisas mudaram de figura. Teoricamente seria a melhor parte do trajeto, já que dali por diante seriam quase 5km no plano, mas foi ai que o corpo começou a sentir e o cansaço veio forte. Tive que diminuir e descansar várias vezes, parando pra beber um pouco d’água. Naquela hora eu tive certeza que não conseguiria baixar meu tempo e a única coisa que pensava era em não fazer tão feio. Correr mais de 1h seria um grande retrocesso e eu ficaria com vergonha de mim mesmo. Eu presto contas pra mim, eu sou meu treinador e procuro superar meus próprios desafios.

Depois do 8km eu me concentrei, pensei em outras coisas, a música me ajudou bastante e o cansaço forte sumiu. Percebi que se a gente pensa muito em uma coisa, ela piora. Se você pensa que está cansado, que torce pra chegar logo, a gente sente mais cansaço ainda naquele momento. Se pensarmos em outra coisa, o cansaço some. É a mesma coisa com um regime. Pensamos em não comer, mas a única coisa que sentimos é uma grande fome insuportável. Quando eu esqueço que tenho fome, ela desaparece como por encanto. O pensamento é algo poderoso e afeta todos os nossos sentidos, como o efeito placebo. Os melhores esportistas são aqueles que além dos músculos treina o cérebro para continuar obstinado e não perder o foco.

Faltando um quilometro percebi que dava pra chegar próximo ao meu tempo anterior e não fazer tão feio, então apertei meu passo mesmo cansado. Tudo o que eu queria era não ficar com vergonha de mim mesmo. Próximo da chegada vi o cronometro mostrando 55 minutos e sonhei em baixar meu tempo em um minuto, mas não consegui. Aquele final é muito puxado, pois é uma subida forte. Cheguei com a língua arrastando no chão e cravei 56:08. Não muito, como era esperado pela proximidade da corrida anterior, mas mesmo assim melhorei meu tempo em alguns segundos, 38 para ser exato. Meu ano até aqui foi somente de superação no quesito corrida, um bom ano.

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