Israel, França, Líbano e Alemanha, 2009.
Animado com a última mostra de cinema que passou por São Paulo, resolvi estender a procura por filmes estrangeiros fora do eixo comercial das redes cinematográficas do Brasil. Nesta 36º Mostra Internacional de São Paulo consegui assisti 6 filmes sendo que o melhor que vi foi Camp 14. Já coloquei na minha lista para tentar achar os vencedores do festival, mas na internet já vi que está bem difícil. Eu já sabia que existia um programa da mostra na TV cultura, mas nunca tinha parado para assistir seus filmes. Toda semana, as quartas, é exibido um filme internacional no mesmo estilo da mostra e eu resolvi assistir “Lebanon”.
A história se passa durante a primeira guerra do Líbano em 1982. Um grupo de 4 jovens soldados israelenses depois de passarem por um treinamento são enviados a uma zona de disputa para comandar um tanque de guerra. O ponto de vista do expectador é o olhar do artilheiro do tanque que observa seus alvos através de uma mira. Cada um no tanque desempenha uma função como o piloto, o cara que reabastece e o comandante, mas o artilheiro que desempenha a pior função: a matança. É um moleque recém saído do treinamento que nunca matou ninguém e vê o horror da guerra na frente. O diretor nos coloca no lugar do próprio soldado, experimentando seus medos a todo o instante.
Além da violência que participa, o grupo de soldados dentro do tanque está totalmente por fora do que está acontecendo fora, não sabe aonde tem que ir, contra quem está guerreando, eles simplesmente obedecem às ordens vindas de um rádio e depois de um comandante da infantaria que tem mais informações, mas não repassa a eles. Os soldados rasos não precisam saber todos os objetivos das tropas, só precisam guerrear e saber para onde apontar o fuzil. Mas se formos pensar bem eles até tem razão. Caso forem pegos e subjugados, não poderão contar os segredos da tropa nem sob tortura já que não sabem realmente o que se deve fazer. Mas a falta de informação causa um vazio terrível de se sentir perdido em plena guerra e ser apenas uma marionete, um joguete nas mãos de um comandante que pode ou não saber o que está fazendo.
Na guerra não existe certo ou errado. Lá acontecem as piores atrocidades possíveis, coisas que desconhecemos aqui fora. Numa guerra eles estão protegidos pelo anonimato, estão dentro de uma grande bolha sem contato com o mundo exterior e só um objetivo importa: a derrota do inimigo. Civil são baixas aceitáveis. O desrespeito à integridade das pessoas acontece o tempo todo. É um choque mesmo pra quem nunca viu uma guerra assim tão próxima e o diretor é bem sucedido em transmitir o sentimento. Muito bom filme. Se estivéssemos na mostra de São Paulo, daria uma nota 4.
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