Meus olhos se abriram para o cinema argentino depois que assisti “O segredo dos seus olhos”, filmaço reconhecido pelo Oscar de 2010. Desta vez resolvi conferir o “Elefante Branco” que tem o mesmo ator do segredo, Ricardo Darin, mas com uma história mais atual e real. Elefante branco é uma expressão que é usada para designar grandes prédios ou construções erguidas, mas que depois não servem pra nada e só ocupam espaço e criam problemas. Neste caso o prédio foi um projeto de hospital iniciado na década de 20 para ocupar o centro de uma favela em Buenos Aires e que nunca chegou a ser concluído por problemas políticos e de corrupção do governo argentino. Como virou um prédio semi pronto, sem acabamento apenas as estruturas levantadas e largado ao relento sem cuidados por muitos anos, acabou sendo ocupado por uma população mais pobre e também usado como ponto de uso de drogas. Nada longe da realidade brasileira.
Apesar de argentino, é uma história tipicamente brasileira que poderia ter sido filmada no Rio de janeiro ou mesmo em São Paulo onde passamos por situações idênticas. Quantas vezes vemos os sem teto invadindo prédios da prefeitura que estavam abandonados? Quase todo dia. E outra coisa parecida com nosso país é a história violenta da localidade. No Brasil existe um gênero tipicamente tupiniquim onde se tem a romantização da favela, os favelamovies. Quase como um western, só que na favela, com personagens típicos como o dono da boca, o favelado trabalhador e honesto, o cheira-cola, os miseráveis e pobres todos os estereótipos.
Neste filme argentino não se foge muito da mesma idéia de favela, mas diferente de um Tropa de Elite onde a polícia é a paladina da liberdade, neste filme o foco são em dois padres que tentam melhorar a qualidade de vida desta população carente. Assim como em Tropa de Elite, onde o capitão Nascimento, policial experiente, recruta um substituto mais novo, no filme argentino um padre antigo da favela tenta trazer o novato para assumir suas responsabilidades sociais em defesa dos necessitados.
É um choque para o padre mais novo adentrar neste ambiente, ainda mais porque ele tem sérias dúvidas em relação à atividade que escolheu. Um missionário tem um trabalho árduo e desgastante, mas que com certeza encaminha para um lugar mais iluminado. Eles dedicam sua vida em prol dos outros, abdicam de muita coisa de viver sua própria vida, enxergam como um trabalho dado por Deus, uma missão na Terra para ser desempenhada. Tenho grande admiração por estas pessoas na vida real como a Zilda Arns e Dorothy Stang, ambas mortas desempenhando seu trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário