terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cantando na rua

Às vezes, em minha rotina diária em ir para o trabalho de metro, ônibus e/ou trem, caminhando no centro de São Paulo ou qualquer outra atividade que faço corriqueiramente às vezes me deparo com pessoas que começam a cantar no meio da rua sem mais nem menos. O meu primeiro pensamento é que é um doido varrido ou uma pessoa sem noção que não está nem ai para a tranqüilidade dos outros.

Tenho o costume de ser uma pessoa mais reservada, se canto é na comodidade da minha casa, se falo no celular, falo baixinho para que os outros não fiquem ouvindo minha conversa privada. Por isso quando vejo pessoas cantando alto no meio da rua ou falando no telefone como se estivesse conversando com alguém a três metros de distância, fico incomodado. A pessoa invade meu espaço, mesmo que não físico e apenas sonoro. Tenho meus pensamentos, minha concentração, posso estar lendo ou simplesmente perdido em minhas divagações. Quando um cidadão começa a se intrometer em meu estado contemplativo, sou obrigado a sair do meu mundo e prestar atenção a elas. Acredito que são pessoas sedentas por afeto e que vêem ali uma oportunidade em serem notadas, fazem pelo prazer de serem vistas, como os 15 minutos de fama na televisão.

Mas pensando bem, cantar não é uma coisa ruim. Passarinhos quando estão felizes cantam. As pessoas, quando estão felizes e sem preocupações em suas vidas também cantam. Se a gente vê alguém cantando é que está sem preocupações. Logo quanto mais gente cantando, melhor. Hoje, em uma simples caminhada de uma hora vi duas pessoas aleatórias cantando. A primeira foi de um velhinho que estava acompanhado provavelmente de sua esposa, cantando uma cantiga sertaneja daquelas bem caipiras antigas do interior. A velhinha caminhava olhando o horizonte tranqüilamente e seu esposo uns 2 metros à frente cantando como se aquilo lhe trouxesse grande prazer a ambos. Foi um momento agradável vê-los aproveitando a vida.

Logo depois vi um rapaz moreno mais novo, correndo com roupas de atleta e com um fone de ouvido. Estava cantando um tipo de rap ou hip-hop no mesmo compasso das passadas. Estava concentrado na corrida e na música sem prestar atenção às pessoas ao seu redor. Acho que todo mundo deveria ser assim, viver sem preocupações que as pessoas possam falar dele por expor ao mundo que está vivo.

Tem um episódio de Friends que a Rachel critica a Phoebe por correr loucamente no parque chamando a atenção. No final do episódio ela percebe que é relaxante correr daquele jeito e a imita. Qualquer dia vou aparecer cantando por ai tentando não me preocupar com a opinião (provavelmente negativa) dos outros. Mesmo assim acho que não o faria em transportes públicos ou locais mais sérios. Acho que um desrespeito ao cidadão ao lado que não está a fim de ouvir uma gralha cantando. Mas na rua, quem sabe.

Um comentário:

  1. Ulisses, concordo com vc. Gosto de cantar, mas em casa, cantar pra todo mundo ouvir no meio da rua acho muito desagradável.
    Big Beijos

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