quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mudança de idéias

Muita gente se orgulha de nunca ter mudado de opinião com o passar dos anos. Sempre com o mesmo pensamento, nunca se curvando aos argumentos dos demais. Tem coisas que não tem como debater, por exemplo, a religião. Cada um acredita no que quiser e não adianta um dizer que tem mais razão que o outro. Mas opiniões em geral são mutáveis de acordo com o tempo que passa, com a experiência que adquirimos e com novas informações que recebemos. O mundo era plano até alguém provar com métodos científicos e empíricos que se tratava de uma esfera. Outros juravam piamente que a Terra era o centro do Universo, inclusive queimava quem ousasse dizer o contrário.

Eu tenho opiniões bem resolvidas em relação a vários assuntos, mas sempre estou disposto a dialogar com quem quiser através de argumentos racionais e lógicos. Se meu interlocutor for razoável e convincente, eu mudo minha opinião. Sempre dou o exemplo de que se o cara apontar uma parede branca e disser que ela é azul, somada a argumentos fantásticos e inquestionáveis, eu concordo com ele. Tenho muito orgulho de dizer isto.

Alguns dizem que é falta de personalidade, que muda de opinião assim não impõe a sua convicção. Tem gente que acha que toda discussão deve ser vencida e vomitará argumentos, mesmo que fajutos, para impor sua verdade em relação à do outro. Advogados e vendedores geralmente são assim no trabalho, mas falo em situações corriqueiras, assuntos mais filosóficos.

Um dia eu e meu amigo estávamos conversando sobre um assunto qualquer e citamos uma amiga em comum. Ele disse, em tom de deboche, que ela dizia pensar de uma maneira antigamente e que agora diz o oposto. Disse para mostrar que ela não era confiável, que sua opinião era contraditória e que não dava para levar em consideração alguém que fala duas coisas diferentes e conflitantes. Discordei veemente. Uma pessoa pode mudar de opinião se depois de um tempo pensar a respeito e reconhecer que vê sob outros aspectos. Todos nós mudamos com o passar dos anos, muda-se a cabeça, a forma de pensar e as experiências nos faz crescer. Eu já mudei minha opinião sobre muitas coisas, sobre outros assuntos eu ainda penso do mesmo jeito. Não se deve julgar alguém por causa disto.

Cortella, em seu livro “O que a vida me ensinou”, separa as pessoas que mudam de opinião em duas categorias: A flexível e a volúvel. A flexível é essa que eu comentei acima, daquele que cresce com as novas opiniões, formam novos pensamentos, novas idéias e novas convicções. A volúvel muda de opinião toda hora, a cada 5 minutos, sem ter convicção de nada, sem refletir nada.

Leia assuntos que não fazem parte da sua vida ou de seus gostos. Tenha experiências novas, que nunca pensou que tivesse. Se você é católico, leia um dia o Al Corão. Se você só gosta de rock, vá a um show de música clássica de vez em quando. Se você gosta de cinema, vá ao teatro uma vez ou outra. Não seja uma ancora, que fixa em um assunto e morre com uma única opinião. Seja uma raiz, que se alimenta de várias fontes.

Um comentário:

  1. Concordo muito com o seu texto e tb sou assim. Mas se alguém aponta para uma parede branca, por mais que justifique coerentemente, não vai me fazer ver azul (tô brincando... só achei o exemplo engraçado.).... De um bom argumento tb não escapo.

    (Os católicos reconhecem o Alcorão como Livro Sagrado, digo, de inspiração Divina, até se estuda Ele tb, mas de uma forma específica, o católico praticante, aquele que faz cursos e tal).

    legal seu blog.

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