Li que o autor Frank G. Slaughter é médico e que se dedicou a escrever romances em um ambiente de hospital onde os médicos são os protagonistas de diversas histórias ao mesmo tempo em que exercem suas atividades profissionais. Eu não tinha grandes expectativas ao ler este livro. Peguei por acaso na minha estante e não sei como veio parar aqui em casa. Estava eu em um hiato entre dois livros e decidi pegar este pensando ser uma leitura mais leve e rápida antes de me aprofundar em outra mais complexa. Ele realmente é mais fácil de ler pela quantidade de diálogos em suas páginas. Em minha opinião, quanto mais diálogo, mais fácil de consumir uma obra. Mas a história em si eu pensei que seria um dramalhão de novela mexicana para coroas desquitadas, tipo livro de banca. Mas não é.
A história, superficialmente sem spoilers, é sobre o médico Mark Harrison, recém saído da faculdade que se demonstra muito competente e com um futuro promissor. Ele consegue um emprego dos sonhos próximo à praia e tem tudo o que pode desejar. Um emprego bom que paga bem, mulheres se derretendo por ele, um bom salário etc. O plot twist é quando por algumas razões descritas no livro ele acaba ficando viciado e dependente de narcóticos, drogas usadas no próprio hospital. A partir daí sua vida desmorona. Os amigos que ele estimava o abandonam. A mulher que amava dá um belo e doloroso chute na bunda. Tudo o que tinha se desfaz como por encanto. A ruína de um homem é mais dolorosa quando se tem tudo e em seguida não tem nada.
O autor apresentou um cenário interessante que eu nunca tinha parado para refletir que é o vício em remédios dos médicos. Se parar pra pensar é muito fácil para um médico ter acesso a estes medicamentos por estar no hospital e poder prescrever drogas pra qualquer um e ele ainda tem o conhecimento dos efeitos das drogas como ninguém. As chances de um médico se tornar viciado é muito superior às outras profissões e é o que o autor nos mostra através de sua experiência norte-americana. Ele apresenta alguns dados dos Estados Unidos bastante alarmantes, o que me fez imaginar de como será no Brasil. Se lá, controlado já é assim, já pensou na zona do nosso país como deve ser.
Outra coisa que o autor nos apresenta é de que devemos valorizar as coisas e as pessoas que realmente importam. Quando temos sucesso profissional e pessoal, a quantidade de gente interesseira aumenta e as possibilidades de ganhar mais dinheiro que você atualmente ganha também é convidativa. Não devemos nos render aos nossos ideais e o que realmente acreditamos. Somos seres humanos com personalidades únicas e devemos buscar nosso próprio destino. E daí que algo dá mais dinheiro se sou feliz ganhando menos, mas fazendo o que gosto? E daí que aquela piriguete é gostosa e está louca pra te dar se eu tenho uma mulher linda e que vale muito mais a pena a longo prazo? E daí que para crescer tenho que ir a um lugar feio se sou feliz em outro? São estas questões que ele põe na cabeça do personagem Mark e na nossa também como leitor.
O livro surpreende, pois no início não damos o menor valor e ele se demonstra mais do que um simples passa tempo literário. Ele coloca algumas questões que podemos passar no nosso dia a dia. Nota 3,5 no Skoob.
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