Livro de memórias da menina seqüestrada em 1991 que ficou 18 anos em cativeiro sendo seguidamente estuprada por Phillip nos Estados Unidos. Eu já tinha ouvido falar no caso, mas foi uma notícia passageira que nunca mais vi alguém comentar. Minha irmã me emprestou o livro e pude conhecer melhor a história, Na época disseram que ela ficava no quintal do casal de seqüestradores e fiquei curioso de porque ela não fugia já que estava no quintal. Lendo suas descrições se tornou claro que não é um quintal normal que conhecemos. Ele estava nos fundos da casa principal e era cercado de altos muros, sendo que ela só passava alguns momentos e permanecia mais dentro de dois cômodos gradeados.
Jaycee tinha 11 anos quando foi seqüestrada pelo á condenado por estupro Phillip, que vivia sob condicional da justiça. Além do horror em permanecer presa, gradeada, algemada e vivendo em condições subumanas sem banheiro, água e condições básicas de conforto ela foi severamente estuprada várias e várias vezes. No livro ela descreve algumas noites que chamava de “maratonas” onde Phillip tomava drogas para se manter acordado durante várias horas e passava muito tempo realizando as mais diversas fantasias sexuais e masoquistas na pobre menina. Jaycee não é tão descritiva nesses momentos, mas ela fala de um modo geral que faz a gente entender o horror que deve ter sido. Ela chegou a ter dois filhos de Phillip no cativeiro sendo que ele mesmo fez o parto.
Com o tempo ele foi diminuindo rigor na vigilância dela deixando-a andar pelos dois cômodos onde ela era presa e teve chances de usar a internet para ensinar suas filhas. Assim como me perguntava antes me pergunto agora porque ela não procurou ajuda ou de alguma forma tentou chamar a atenção de outros. Ela diz que tinha muito medo da reação dos seqüestradores caso fizesse e ser punida muito mais do que já era. O medo foi um sentimento fortíssimo para incapacitar qualquer reação que tivesse.
O seqüestrador teve muita sorte em escolher Jaycee. Ela era uma menina independente que ia para a escola caminhando sozinha durante longa distância, forçada pelo padrasto que não ligava muito. Ela era tímida e retraída, fazendo a assimilação a um novo mundo enjaulado ser mais fácil e ter menos resistência. Outra que ela era uma menina muito dócil e carinhosa, visível pela sua escrita, fazendo com que desenvolvesse aquela síndrome de Estocolmo, onde o seqüestrado desenvolve afeição pelo seqüestrador. Ela era sempre manipulada psicologicamente para aceitar aquela situação e tentar ajudar Phillip. Ela achava que eles até eram boas pessoas que faziam algumas maldades.
Apesar de tudo ela foi forte para seguir vivendo, agüentar todo o sofrimento, encarar a vida com otimismo tentando superar os problemas, passou por tudo com resignação. Se for pensar do modo espírita em encarar a vida, pode-se dizer que pagou os pecados que poderiam ter tido em outra vida com dignidade.
Mesmo sabendo que ela foi pega ainda quando criança e nesta idade elas não tem muita iniciativa ou uma mente preparada pra tomar ações de fuga, dá raiva em ler algumas partes da história onde ela trata bem seus algozes e até os defende. Eu faria diferente. Ela teve milhares de chances de por um fim naquilo e se acovardou. Apesar de que apontar o dedo e criticar os outros de longe é fácil. Queria ver se eu teria toda essa coragem na mesma posição.
Esse livro deve ser forte né? Coitada da garota.
ResponderExcluirBig Beijos