quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A praga dos vendedores ambulantes

Trabalho no centro de São Paulo e durante meu horário de almoço costumo caminhar pela rua Direita, famosa pela quantidade de pessoas por metro quadrado que transitam por ali durante o dia. Por causa desta multidão, claro que vendedores de todo o tipo vão para lá para pescar clientes. Quanto mais gente mais chances de venda, por isso ônibus, trens, estações, terminais sempre estão infestados desta laia.

Atrapalham o transito das pessoas, incomodam com suas gritarias, me irritam profundamente apesar de saber que estão lá ganhando suas vidas. É chato, mas conseguem vender muito e sustentar suas famílias. É difícil se opor a tal coisa, melhor um ser humano trabalhando, mesmo ilegal na rua sem pagar imposto, do que roubando ou passando fome.

Mas tem coisas que são irritantes como essas pessoas que fazem pesquisa na rua e tentam abordar os transeuntes. Todos os dias eu me encontro com um batalhão deles em cada rua do centro velho de São Paulo. Se ainda fosse algo esporádico a gente não se incomodava tanto, mas todos os dias eles enchem nosso saco pra parar e fazer um batalhão de perguntas. “É só um segundinho” dizem, mas demora no mínimo uns 5 minutos. Pior quando querem vender empréstimos com juros estratosféricos que só consumidores compulsivos sem crédito aceitam.

Tenho um misto de raiva e pena deles. Sei que dependem daquilo que oferecem e muitos ganham comissão por cliente abordado ou negociação concluída. É cruel, por exigir que a pessoa venda a qualquer custo, mas mesmo assim justo pois premia o cara que mais foi eficaz na matéria principal que é venda. Quando me encontro com eles tento desviar sem feri-los na alma. Me imagino no lugar deles desesperado por alguém que me dê atenção e que seja atencioso e receptivo para aceitar meus argumentos de venda. O que eu faço e que percebo que a maioria faz é desviar de suas súplicas como alguém que foge de um cachorro latindo. Tento ser educado murmurando desculpas esfarrapadas para não parar e conversar, mas é inútil. Vejo suas caras de aflição e decepção quando mais um pedestre lhe vira a cara e diminui seu ordenado.

Não tenho solução. O mundo é feito de vendedores. Tudo se resume a algum tipo de produto a ser oferecido pelas empresas à massa consumidora que necessita de gente que faça-os acreditar que precisam desesperadamente daquilo que está sendo oferecido. O melhor vendedor é aquele que te faz você pensar “nossa, como eu vivi até hoje sem isto”. Um vendedor de necessidade. “Faça com que as pessoas precisem de você”, já disse Bill Gates um dia.

Um comentário:

  1. Cada um faz o que pode pra sobreviver. Infelizmente o mercado não dá oportunidade pra todos, se houvesse duvido que haveria tantos vendedores ambulantes por aí.
    Big Beijos

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