terça-feira, 21 de julho de 2015

Quais são os nossos limites?

Será que viver no limite é benéfico como leio em todo lugar ou é apenas o pensamento liberal de que as pessoas só são felizes sendo os primeiros da turma? Há uma corrente que defende um alto grau de profissionalismo e dedicação, uma busca pelo sucesso constante e perseverante, nunca vivendo na zona de conforto e buscando sempre o conflito. É a política do crescimento, desenvolver o máximo possível, trabalhar mais, dormir menos e se esforçar até nos finais de semana. Quem não conseguiu ir bem na vida é aquele que não se esforçou o bastante.

Já na outra ponta tem gente que prega a qualidade de vida acima de qualquer conquista material ou de poder. Do que vale estar em altos postos de trabalho, ganhando bem se não se pode usufruir de tudo isso. Geralmente vejo que os grandes executivos que tem sucesso acabam trabalhando excessivamente, fazendo hora extra, estudando a noite, viajando a trabalho e não aproveitando para curtir tanto com seus familiares. Mais tempo em casa, mais lazer é o que vale a pena nesta vida. Claro que não devemos negligenciar o trabalho, que é digno e todo mundo deve ter. Mas as condições trabalhistas deveriam ser mais humanas e de respeito mútuo.

Eu concordo em termos com as duas linhas de pensamento e tenho dificuldades em conciliar ambas ao mesmo tempo porque não busco nenhuma das duas de forma plena. A idéia seria foco em uma delas e ser feliz, mas claro que eu sempre fico no muro nessas discussões. Como sabemos até onde podemos viver no inconformismo. Será que estou triste pelas razões certas ou apenas estou fugindo das responsabilidades?

Quando somos testados a exaustão em situações limites, ambas as visões tem comportamentos diferentes. Na primeira, uma situação estressante e difícil é vista como algo positivo, um obstáculo para você se tornar uma pessoa melhor, mais resistente e forte, um crescimento pessoal. Mas a segunda visão vê como se você estivesse fazendo algo que não devia, que deveria estar atrás de algo melhor pra sua vida ao invés de ficar perseguindo um caminho que só vai te trazer desconforto. Do que adianta dar murro em ponta de faca se isso só vai te trazer dor e sofrimento. A primeira visão acredita que com isso vai te dar mais força para enfrentar mais desafios. A segunda acha que é sofrimento à toa.

O problema é que ambas tem razão. Não adianta forçar uma situação que não tem saída. Mas será que estamos desistindo de algo cedo demais? Será que se persistir em um determinado assunto, por mais que seja ruim, no futuro se transforme em ouro? É minha luta diária pra saber se continuo no meu caminho ou mudo. É cedo ou tarde pra sair?

sábado, 27 de junho de 2015

Obrigação social

A suprema corte norte-americana aprova o casamento entre mesmo sexo. Vitória contra a intolerância e o preconceito. Sou totalmente a favor de que todos possam fazer o que bem entendem de suas vidas desde que não prejudique os semelhantes, ainda mais que estejam apenas querendo promover o amor e não a guerra. O mundo será um lugar melhor quando os conservadores não puderem estragar a vida de ninguém apenas a deles próprios. Quem são eles pra dizer como devemos viver nossas vidas?

Enfim. Mas tirando a aprovação da lei, o que me motivou a escrever o texto foi outro tipo de intolerância, a do politicamente correto. Parece que uma incentiva a outra. As pessoas pensam diferente sobre diversos assuntos, fato. Mas ninguém é dono da verdade apesar de acharmos que existe uma verdade absoluta. Ontem acreditava em coisas que hoje não acredito e amanhã pode ser que eu mude meus valores também. Então nada é definido.

As pessoas que não gostam de gays tem o direito de não gostarem, tanto como religião, raça, tudo. O que não podem é exercer ativamente seu preconceito contra os outros. Ai sim. Condeno e concordo com sua punição. Mas a pessoa não pode ser obrigada a gostar do que o resto das pessoas gosta. O Malafaia não gosta de gays, beleza. Foda-se ele. Mas quando ele vem a público incitando o ódio, ai sim sou totalmente contra. Tem racista a rodo por ai. Enquanto eles ruminam seu ódio nas suas próprias casas, tudo bem. Mas quando vêem a público exercer seu hábito repugnante, concordo com a punição de qualquer forma.

Hoje o casamento gay é liberado nos Estados Unidos e espero que em breve no Brasil também. Todo mundo que concorda mudou sua foto no facebook pra um arco-íris. Legal as pessoas se manifestarem. Mas os que não mudaram sofre um pouco e preconceito, pois aos olhos dos outros eles são contra. Eu sou a favor, mas não to afim de mudar a foto. “Como assim não vai mudar a foto? Todo mundo mudou?”. Não sou todo mundo dona”. “Ah, então você não gosta de gays. É por isso então”. Que raiva! Agora eu tenho que fazer algo só porque todo mundo faz.

Eu mudo a foto quando eu quero! Sou a favor do respeito às pessoas independente do que elas sejam. Gordas/magras, feias/bonitas, negros/brancos, mulçumanos/espíritas/evangélicos/cristãos. Não importa. Às vezes acho legal apoiar algum grupo, mas não vou acompanhar a massa se eu não estiver afim.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O que é a vida?

Antonio Abujamra era uma figura enigmática. Sua presença e impostação de voz faziam as pessoas prestarem atenção. Sou fã do seu programa Provocações há anos apesar de não ver freqüentemente na TV Cultura, mas às vezes fazia maratona assistindo uns 10 ou 15 programas pela internet, já que ele é de curta duração. Não só personalidades, mas ele levava muitas vezes gente desconhecida para ser entrevistada. Lembro até hoje em que um dia levou um morador de rua autodidata que era muito culto e aprendia coisas com o que conseguia no lixo.

Em suas entrevistas, suas perguntas eram curtas e diretas, deixando o entrevistado discorrer a vontade sobre o assunto para, em seguida, quebrá-lo com sua argumentação. Depois de uma resposta bonitinha pra ficar bem na foto Abujamra sempre dizia que nada era importante, que não devíamos levar a vida tão a sério, que deveríamos errar e errar com gosto, em se arriscar dentre outras coisas.

No término das entrevistas tinham duas perguntas que ele fazia em todos os programas. A primeira era se ele não fez alguma questão que o entrevistado queria que ele tivesse feito. A resposta era a próxima pergunta que fazia. E ele representava como se tivesse pensando na hora.

A última pergunta era algo que ele chamava de simples: “O que é a vida?”. Assim que o entrevistado se contorcia para tentar responder uma coisa tão abstrata assim ele repetia a mesma pergunta. O cara, pressionado a dar outra resposta diferente da primeira, se esforçada e entregava outra coisa. Em seguida ele repetia a mesma pergunta pela terceira ou quarta vez até o entrevistado ficar perdido sem saber o que falar.

Eu entendia esta repetição de “O que é a vida?” como um modo de forçar a extração ao máximo da opinião do entrevistado até não poder mais. É como se ele não acreditasse na primeira resposta dada e dissesse: “Bom, na primeira vez você respondeu o que queria que as pessoas soubessem. Agora responda de verdade, sem rodeios, o que você realmente pensa.”. Eu mesmo ficava pensando em casa o que responderia. É algo impossível.

Ao final recitava um texto de algum pensador. Sempre mantinha um caderninho pra anotar suas referências: Sartre, Schopenhauer, Nietzsche, etc. Procurava conhecer o que ele citava em seu programa. Eu o admirava e sentirei muita falta.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Divergente

Divergente narra a história pós-apocaliptica de sobreviventes que se dividem em uma organização administrativa de 5 facções com características totalmente diferentes entre si. Identifiquei duas analogias que a autora pode ter vindo a criar na história.

- A primeira, no início do livro, é que seria um rito de passagem do estudante para a faculdade. Vejam os sinais: Um jovem, na época, deve estudar junto a todos os outros colegas de facções diferentes até 16 anos, seria o que? O ensino médio.

- Em seguida tem que fazer um teste de aptidão e obrigado a escolher a facção que deseja seguir o resto da vida. Seria o vestibular, onde na nossa vida eles têm que escolher que curso seguir com a ameaça de que está escolhendo seu futuro profissional para a vida. É uma escolha terrível em ambos os mundos, para quem ainda não tem certeza do que quer fazer.

- Quem não consegue entrar em uma das cinco facções, é enviado aos sem-facções, vagabundos ou pessoas que são obrigadas a lutar pelos empregos mais inferiores possíveis. Ou seja, quem não estuda, no nosso mundo, também acaba se sujeitando ao salário mínimo e a vagar pelas ruas.

- Assim que escolhe sua facção, passam por um ritual de iniciação em que alguns são eliminados ou mortos. A prova do vestibular.

- Depois que entram finalmente, tem diversos testes difíceis para se manter na facção. Seriam as matérias e provas dos cursos da faculdade. Eles têm até um ranking das notas e de quem está abaixo da média.

Em minha opinião, mais explícito impossível.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

1001 Maneira de enriquecer

Segue o mesmo modelo do livro O Segredo.

Acho uma propaganda enganosa, pois o livro não tem 1001 maneiras, mas apenas uma maneira que ele fica repetindo à exaustão com inúmeros exemplos. Para ficar rico, segundo o livro, é acreditar profundamente que você já o é e se comportar como tal. A força da sugestão em seu subconsciente fará todo o resto. O autor demonstra ser bem religioso, então além de acreditar, devemos rezar sempre, todos os dias e pedir a Deus que coisas boas venham. Então o livro é recheado de exemplos de gente que praticou as duas coisas: rezar sempre, preferencialmente uma frase como um mantra e acreditar que já era aquilo que deseja ser.

Até acredito que otimismo é bom sempre e pode trazer benefícios e autoconfiança para ir em direção aos seus desejos. Mas para o autor o universo conspira para aqueles que seguem este otimismo quase irracional. E um pouco inconseqüente, pois se você começa a gastar como se já fosse rico, vai à bancarrota.